Encontro inaugura atividades específicas com segmentos econômicos atingidos pelo desastre-crime da Vale e abre possibilidades de parcerias com a Universidade Federal de Viçosa (UFV)
No sábado, dia 15 de outubro, produtores e produtoras rurais de toda Região 3 da bacia do Paraopeba se reuniram em Florestal, na sede da Universidade Federal de Viçosa (UFV), para o primeiro encontro do segmento desde o início do processo de reparação do desastre-crime da Vale.
O grupo é uma das categorias econômicas mais afetadas pelo rompimento da Mina Córrego do Feijão. Devido à contaminação do solo e das águas do rio Paraopeba, pequenos, médios e grandes produtores rurais viram suas atividades paralisarem, acumulando prejuízos e precisando se reinventar para manter sua renda e seus negócios.
No I Encontro de Produtores e Produtoras Rurais da Região 3, os participantes realizaram uma visita técnica em áreas de produção da UFV e conversaram com professores sobre alternativas de plantio, de pastagens e outras possibilidades para a atividade econômica. Foram visitadas três áreas de pesquisa da universidade, sendo uma delas de plantação de milho para recuperação de área de pastagens, a segunda uma área de plantação de macaúbas e a terceira uma região de plantio de eucaliptos. Durante a visita, os professores da UFV apresentaram os locais de pesquisa e abriram possibilidades de parcerias com as pessoas atingidas.
O gerente de reparação socioeconômica da ATI Paraopeba Nacab, Luciano Marcos, explica que esse é o primeiro encontro de vários com segmentos específicos e a ideia da ATI é seguir com esses trabalhos focados, como por exemplo com mulheres, juventudes e povos e comunidades tradicionais. “Sabemos da demanda específica de vários segmentos ao longo da bacia e com esse momento dedicado aos produtores rurais inauguramos os trabalhos específicos. Foi um momento importante também de promover um intercâmbio entre eles e entre a universidade”, afirma.
Novas possibilidades
O maior desafio para os produtoras e produtores da Região 3 é retomar as suas atividades. A maioria quer buscar alternativas após a chegada do rejeito do desastre-crime da Vale, mesmo que seja necessário recomeçar ou diversificar as produções. O produtor rural Adilson Mariano, da Comunidade dos Rosas, no município de Florestal, é um deles. Segundo ele, o encontro possibilitou pensar em alternativas para novos investimentos.
“Vimos possibilidades, formas de construir em nossas terras. Por exemplo, as árvores de coco (macaúba) que eles nos mostraram. Isso seria possível até de levarmos para a comunidade, produzirmos junto com os vizinhos e isso foi muito bom. Pensar em coisas que também podemos fazer juntos”, afirmou o produtor.
Ainda sobre o encontro, a produtora Rita de Cássia Diniz, de Riacho, em Esmeraldas, destacou a importância da união, de estar entre outras pessoas que tem o mesmo perfil e trocar experiências.
“É sempre bom participar de atividades em que a gente possa conhecer outras realidades, conversar e se conhecer. E hoje foi uma ótima oportunidade para isso”, contou.
Danos às cadeias produtivas
Também durante o encontro, foram apresentados os resultados da pesquisa de danos às cadeias produtivas da região, realizada pela ATI Paraopeba Nacab.
O estudo, chamado “Diagnóstico territorial dos recursos e atividades econômicas”, abordou os efeitos nas atividades econômicas da Região 3 e os danos em recursos naturais e materiais, como águas e solos, equipamentos como barcos e tratores, além de infraestruturas coletivas como as vias e estradas. Ele também apresentou os principais danos imateriais sentidos pelos diversos segmentos econômicos, como na organização social e na reputação dos produtos e territórios ribeirinhos.
Ao final, o diagnóstico traz ainda perspectivas de desenvolvimento sustentável para as localidades e procura identificar os principais desafios para a reativação das atividades produtivas e cadeias econômicas, visando uma reparação justa e integral.
Você pode acessar os resultados do diagnóstico na seção Estudos e Publicações do site do Nacab ou clicando na imagem abaixo.
Cobertura e matéria: Bárbara Ferreira
Edição: Raul Gondim