Encontro aconteceu no Dia Internacional de Luta das Mulheres, 8 de março, reunindo mais de 30 mulheres atingidas da Região 3 da bacia do Paraopeba
Mais de 30 mulheres atingidas da Região 3 da Bacia do Paraopeba participaram de um encontro na Defensoria Pública de Minas Gerais, no dia 8 de março de 2023, Dia Internacional da Mulher. O objetivo do evento foi discutir violência de gênero e os direitos das mulheres atingidas.
Além da participação de mulheres dos municípios da Região 3, o encontro contou com a presença das defensoras públicas Raquel da Costa Dias (defensora-geral de Minas Gerais), Samantha Vilarinho Mello Alves (defensora referência na discussão sobre violência de gênero em Minas Gerais), Carolina Morishita (referência na pauta da reparação integral da população atingida), Ana Luiza Paiva (defensora do município de Pará de Minas) e Hellen Caires Teixeira Brandão (defensora do município de Divinópolis).
Neste dia de celebração e luta, as mulheres atingidas ocuparam esse importante espaço de defesa social com a principal intenção de colocar em discussão as muitas necessidades que atravessam a reparação integral do desastre-crime da Vale no Rio Paraopeba, na perspectiva das mulheres.
Denunciaram a falta de serviços públicos que façam valer o direito ao trabalho, lazer, segurança e saúde nos diversos territórios atingidos pela lama, além de reivindicarem a manutenção e continuidade das Assessorias Técnicas Independentes (ATI) como direito fundamental da população atingida em busca da reparação integral.
As mulheres atingidas da Região 3 hoje se veem expostas a muitas formas de violências que têm relações diretas com o desastre–crime da Vale no rio Paraopeba. Esses danos específicos sofridos por elas foram reunidos na cartilha “Mulheres em defesa da vida além do atingimento”, produzida pela ATI Paraopeba Nacab e disponível aqui.
Entre os vários danos relatados, vemos o agravamento da violência doméstica, em consequência do desemprego e do aumento do consumo de álcool e outras drogas nas comunidades. Associada a isso, há a ausência de casas de acolhimento e de delegacias especializadas que possam atuar de maneira efetiva nessas situações.
Verifica-se ainda a dificuldade do acesso ao trabalho pela falta de programas e ações que visem a promoção da autonomia financeira das mulheres atingidas, além da falta de equipamentos públicos de compartilhamento do cuidado com os filhos, como creches públicas. Todo esse contexto é um fator decisivo no que diz respeito à autonomia financeira das mulheres, gerando também graves consequências à sua saúde mental.
De acordo com a Defensora Pública, Carolina Morishita, “a reparação não pode sair dessa pauta (das mulheres). Ela não vai ser integral, verdadeira e efetiva se a gente não pensar na equidade de gênero nos espaços. Se não pensarmos, para além da participação, nas mulheres voltarem a ter renda, conseguirem realizar outros projetos e cuidar da própria saúde mental.”
Texto: Karina Marçal
Edição: Leonardo Dupin e Raul Gondim