NACAB - Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens

Comunidades atingidas avançam na criação de ecossistema para desenvolvimento sustentável

Após quatro encontros de formações e partilhas de saberes, participantes buscam firmar parcerias visando a construção de projetos coletivos e empreendimentos locais

No último sábado, 8 de julho, aconteceu em Esmeraldas o 4º Encontro Ecossistema Ciclos de Cooperação e Transição: Construindo Projetos Práticos. O evento, realizado em parceria pelo Nacab, Insea, Sustentar e Rede de Atingidos da Região 3, teve como objetivo central estimular a integração das pessoas e de iniciativas de desenvolvimento econômico nas comunidades.  

A atividade faz parte de uma série de encontros que estão acontecendo desde o mês de março na Região 3 da bacia do Paraopeba, com crescente participação das pessoas atingidas. Através da troca de experiências, da soma de potencialidades e da construção de soluções focadas na cooperação e na sustentabilidade, esses encontros têm fomentado a criação de um ecossistema de desenvolvimento regional no qual diferentes atores somam forças para acelerar negócios de impacto que visam a transformação do território. 

Trata-se de uma experiência inovadora cujo um dos focos é a elaboração de projetos e empreendimento locais para o Anexo 1.1 do Acordo Judicial de Reparação. 

Fortalecendo parcerias e saberes

Em sua quarta edição, o Encontro Ecossistema Ciclos de Cooperação e Transição proporcionou, na parte da manhã, diálogos entre as pessoas atingidas e potenciais parceiros para o desenvolvimento das comunidades. 

Participaram deste momento o produtor rural Rogério Fernando Moreira da Silva, coordenador do Grupo União Cordeiros de Minas Gerais, que falou sobre a criação e comercialização de ovinos; a diretora do Instituto Pontes e Borboletas, Lina Raquel Marinho, trazendo experiências de feiras de comercialização de produtos da agricultura familiar; e o coordenador geral de parcerias da Secretaria Nacional de Economia Popular Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego do Governo Federal, Ary Moraes, que tratou das perspectivas do novo governo, para os próximos anos, no âmbito das políticas de economia solidária e desenvolvimento das atividades no campo. 

Ary Moraes, representante da Secretaria de Nacional de Economia Popular e Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego

“Enquanto governo federal, nós vamos atuar aqui fortemente nesse território, com parceria com o Nacab, com a Rede, aqui, com o INSEA, com o Sustentar, para que a gente possa, nessa parceria, planejar uma ação muito consistente, muito forte, em rede para apoiar os empreendimentos de economia popular solidária aqui, seja do ponto de vista da formalização, seja do ponto de vista da comercialização, seja do ponto de vista das finanças”, afirma Ary Moraes, representante da Secretaria de Nacional de Economia Popular e Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego. 

Na parte da tarde, ocorreram formações sobre os temas de Povos e Comunidades Tradicionais, comunicação e marketing, apicultura e agroecologia. A oficina de apicultura foi ministrada pelo professor da Universidade Federal de Viçosa, Helder Canto. Já em relação aos outros temas, a contribuição foi dada pelos técnicos da própria equipe da ATI Paraopeba Nacab. 

Pessoas atingidas participam de oficina sobre agroecologia como princípio da produção do Ecossistema de Cooperação e Transição

“Essa é uma forma de impulsionar e animar o processo de reparação, no sentido de pensar sonhos e projetos futuros a partir do Anexo 1.1, mas também de parcerias estratégicas que possam somar forças na construção do desenvolvimento sustentável na Região 3”, relatou a coordenadora geral da ATI Paraopeba Nacab, Marília Andrade. 

4° Ecossistema Ciclos de Transição e Cooperação

Construção de muitas mãos

Desde o início da série de encontros do Ecossistema de Cooperação e Transição, mais e mais pessoas têm se unido para sua construção. O quarto encontro contou com a presença de cerca de 150 pessoas atingidas de toda Região 3. 

Sérvula Helena, morada de Beira Córrego, em Fortuna de Minas (MG)

“Eu e o meu marido gostamos de plantar, então nós queremos plantar dentro da agroecologia e, com isso, também poder às vezes, futuramente, fazer um negócio. A gente tem saberes, traz para o encontro e aqui a gente encontra vários outros saberes que enriquecem a gente demais”.

Sérvula Helena, morada de Beira Córrego, em Fortuna de Minas 

Pai Jardel de Xangô, Zelador do Centro Religioso de Umbanda Pai Xangô, localizado em Papagaios (MG)

“Todos os encontros que a gente a gente vem com a sacolinha, às vezes, vazia, e volta com ela cheia, né? No final das contas, a gente sabe que está todo mundo lutando pela mesma causa e a gente volta a se encher de alegria”.

Pai Jardel de Xangô, Zelador do Centro Religioso de Umbanda Pai Xangô 

Cobertura fotográfica: Karina Marçal e Márcio Martins 
Entrevistas: Márcio Martins 
Texto: Karina Marçal 
Vídeo: Dani Drumond 
Edição de matéria: Leonardo Dupin e Raul Gondim