Representantes de comunidades assessoradas pelo Nacab participaram de intercâmbios e de encontro na Universidade Federal de Viçosa
Entre os dias 21 e 24 de julho, pessoas atingidas pelo crime da Vale, que residem nas comunidades assessoradas pelos escritórios do Nacab em Esmeraldas, Pará de Minas e Paraopeba, viajaram até a Zona da Mata mineira para vivenciar uma série de atividades e experiências com o objetivo de fomentar a organização comunitária e o desenvolvimento local.
No primeiro dia, foram realizadas três visitas de intercâmbio, que buscaram trazer elementos para discussão sobre autonomia, sustentabilidade e fortalecimento das práticas econômicas das pessoas e comunidades.
Na comunidade quilombola do Buiéié, no município de Viçosa, houve uma conversa sobre o território, iniciativas de comercialização e processos organizativos de comunidades quilombolas para reconhecimento e certificação como Povo e Comunidade Tradicional.
Já a visita na comunidade Canelas, também no município de Viçosa, promoveu o debate sobre possibilidades e processos de produção de óleos essenciais e cosméticos naturais, a constituição de viveiros de mudas na composição de Sistemas Agroflorestais (SAF) e processos de Organização de Controle Social (OCS).
Este último é um mecanismo de garantia da qualidade orgânica desenvolvido para a Agricultura Familiar, que comercializa diretamente a sua produção para os consumidores.
Ainda no primeiro dia, no munícipio de Araponga, houve uma visita a uma família de agricultores familiares onde foi tratado sobre o acesso à terra por compra coletiva e recuperação de nascentes. Nessa mesma vista, foi também contextualizada a ameaça da mineração na Serra do Brigadeiro e seu entorno.
Troca de Saberes
Nos dias 22 e 23 de julho, as pessoas atingidas participaram da Troca de Saberes, um encontro realizado na Universidade Federal de Viçosa (UFV) – que teve como tema “Educação do campo e territórios: um embornal de sonhos e lutas” – e uma oportunidade para conhecer experiências diversas, relacionadas à agroecologia e à cultura popular.
O Nacab, juntamente com a Organização Cooperativa de Agroecologia (OCA) e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), esteve presente com uma instalação artístico-pedagógica intitulada Atingidos pela Mineração.
O espaço promoveu um debate sobre a condição de atingidos pela mineração e os diferentes danos sofridos pelas pessoas e comunidades. Foram trazidos exemplos de enfrentamento à mineração em diferentes territórios, como na Serra do Brigadeiro, pontuando suas lutas pela garantia de direitos, pela reparação de danos sofridos e a conjuntura dos trabalhos de assistência técnica e extensão rural agroecológica nesses locais.
A Troca de Saberes é um conjunto de atividades que consiste na organização dos participantes por meio das instalações artístico-pedagógicas e espaços de debates, proporcionando-lhes a oportunidade de apresentar, socializar e discutir suas experiências cotidianas, conhecimentos tradicionais e práticas de sucesso na agricultura familiar.
O Nacab participou ainda do ato de encerramento da Troca de Saberes, que ocorreu na segunda-feira, 24 de julho. Em caminhada pela via principal da UFV, representantes de coletivos, organizações populares, Escolas Família Agrícola, sindicatos de trabalhadores rurais e outros movimentos defenderam princípios da agroecologia, educação do campo e da justiça social.
Texto: Marcos Oliveira
Cobertura: Marcos Oliveira e Luís Henrique do Carmo
Edição: Raul Gondim