Como parte das atividades que marcaram os cinco anos da tragédia-crime da Vale, que tirou a vida de 272 pessoas e destruiu o rio Paraopeba, a imagem de Nossa Senhora da Abadia da Água Suja, padroeira e protetora das comunidades atingidas pela mineração, esteve pela primeira vez na Região 3 da bacia do rio Paraopeba. Chegando de barco, a imagem foi recebida com cânticos e orações na beira do rio, na divisa entre os municípios de Fortuna de Minas e Pequi.
No local, em um ato simbólico de cuidado com a vida e com o meio ambiente, aconteceu o plantio de uma muda de ipê branco. A seguir, a imagem saiu em carreata até a comunidade de Pindaíbas, em Pequi, onde foi recebida por mais de 400 pessoas, que participaram de uma cerimônia conduzida pelo bispo Diocesano de Sete Lagoas, Dom Francisco Cota, e pelo pároco local, Padre João Francisco, que é um atingido de Córrego de Areia.
A peregrinação pela bacia do Paraopeba
A peregrinação de Nossa Senhora da Abadia da Água Suja no mês que marca os cinco anos da tragédia-crime da Vale foi dividida em quatro momentos. No dia 24 de janeiro a imagem chegou a Brumadinho, sendo carregada da ponte do rio Paraopeba até o Santuário Nossa Senhora do Rosário.
No dia 25 de janeiro, após uma celebração religiosa no Santuário, ela foi conduzida pela Romaria pela Ecologia Integral, organizada pela Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser) em conjunto com movimentos sociais e com as ATIs que atuam na bacia. Ainda no dia 25, a imagem também esteve presente no ato da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum).
No dia 27, a imagem foi conduzida para um ato na aldeia indígena Nao Xohã, em São Joaquim de Bicas. E, por fim, a peregrinação chegou no dia 28 à comunidade de Pindaíbas, município de Pequi.
A história de Nossa Senhora da Abadia
Informações históricas remetem a origem da devoção a Nossa Senhora da Abadia da Água Suja a um distrito no Triangulo Mineiro, que acolhia anualmente a famosa Festa de Nossa Senhora da Abadia. Antes de se tornar município, atualmente com o nome de Romaria, o local era chamado de Água Suja em referência à exploração de diamante na região, que poluía e contaminava as águas.
Ali, no século XIX, garimpeiros fizeram um voto a Nossa Senhora de que, se não fossem convocados para a Guerra do Paraguai, construiriam uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Abadia. E, como não foram para a guerra, uma capela foi erguida na região que hoje conta com um dos principais santuários em homenagem à Nossa Senhora da Abadia no Brasil.
Texto: Karina Marçal e Leonardo Dupin
Edição: Fabiano Azevedo
Fotos: Karina Marçal, Marcos Oliveira e Breno Botelho