Entre os dias 5 e 15 de julho de 2024, a comunidade de Itapanhoacanga, em Alvorada de Minas, fez sua tradicional Festa de Nossa Senhora do Rosário. Durante esses dias, foram realizadas novena, missas e procissões, além de almoços comunitários e apresentações musicais. A celebração ocorre há cerca de 300 anos e é considerada patrimônio cultural de Alvorada de Minas. Uma tradição que passa de geração em geração e envolve as pessoas jovens na manutenção do legado.
Um dos destaques é a participação de grupos de manifestações culturais da região. Congados, banda de música, caboclos e marujadas vão louvar Nossa Senhora do Rosário, pelas ruas do distrito, ressaltando a beleza das manifestações afro-mineiras. Outro ponto alto é a coroação do rei e da rainha, realizada no último dia da celebração, junto ao desfile do Congado de Itapanhoacanga. O batuque forte do tambor, o canto imponente, a dança marcante e a comoção da comunidade marcam o evento.
Preparativos
Dona Selma Nascimento da Silva, de 78 anos, conta que aguardava ansiosa pela celebração e fica feliz de ver a tradição continuar. “Eu participo a vida toda, a festa significa a coisa boa desse lugar, só que não é como antigamente… Vai mudando e os velhos vão morrendo e não fica como antes. Mas a tradição continua e eu me sinto bem”, declara.
Após a missa em homenagem à Nossa Senhora do Rosário, foi realizada a descoroação dos reis de 2024 e a coroação dos novos reis, para serem festeiros do próximo ano. A cerimônia foi um momento de comoção e agradecimentos.
Em um discurso emocionado, Lúcia Maria Horta, festeira responsável por organizar o evento desse ano, agradeceu a toda comunidade pelo apoio e disse que mesmo com os desafios, Nossa Senhora do Rosário os auxiliou e os protegeu para que o evento fosse realizado.
Carlos Nível, conhecido como Nivinho, o Rei, contou que estava com a sensação de dever cumprido e orgulhoso por ser o festeiro de uma manifestação cultural tão antiga.
Canto, batuque, dança e fé
O Congado é uma manifestação cultural religiosa que resiste ao tempo e encanta diversas gerações. Isso ficou evidente no dia do encerramento das festividades em Itapanhoacanga. Muitos jovens fazem parte do grupo de Congado de Itapanhoacanga, por inspiração dos familiares.
Franciele Karine, capitã do grupo, conta que dança congado desde a adolescência, pois seu pai sempre a levou nas festividades. Ela agora tem a honra de estar ao lado dos filhos: Nicolas, caixeiro, e Maria Clara, capitã mirim. “É uma manifestação de fé e de louvor, eu me sinto maravilhada ao ouvir o batuque. Eu falo que batucou eu estou lá! Eu senti um chamado de Nossa Senhora para eu cantar eu faço com muita fé”, exclama a capitã.
Nícolas Tauã, de 15 anos, faz parte do congado desde pequeno. Ele relata que o sentimento é inexplicável, principalmente por estar ao lado de sua mãe, irmã, tia e primas. “A gente toca com amor, dança com amor, nossa… E é um negócio que mexe comigo, o Congado é muito importante para mim”, conta o caixeiro.
Vandeir Moreira, conhecido como Dé, membro–fundador do Congado Itapanhoacanga, lembra que a primeira apresentação do grupo aconteceu em uma escola e que iniciaram com instrumentos improvisados, como latinhas de óleo. Após um tempo foram se inspirando em outros grupos de Congado, adquirindo e ganhando novo instrumentos e vestimentas.
Érika Vitória, de 15 anos, conta: “Meu maior incentivo para participar do Congado foi meu avô, que tocava sanfona. É muito importante manter a tradição, pois o Congado é tudo!”.
A festa e as manifestações culturais em homenagem à Nossa Senhora do Rosário fazem parte da história e da tradição dos moradores de Itapanhoacanga. A celebração é revivida todo ano, graças à forte devoção e à união da comunidade.
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Reportagem: Georgyanne Sena
Edição: Brígida Alvim
Fotos: Georgyanne Sena
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