NACAB - Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens

Moradores de Várzea do Rio Landim, em Itapanhoacanga, cobram regularização fundiária 

Moradores do núcleo urbano Várzea do Rio Landim, localizado na comunidade de Itapanhoacanga, em Alvorada de Minas, cobram regularização de seus terrenos e acesso a serviços públicos, como abastecimento de água, fornecimento de energia e saneamento básico. No dia 17 de agosto, a ATI 39 Nacab reuniu moradores e representantes da Prefeitura, para tratar do assunto.  

Com a presença do prefeito, Valter Antônio Costa, e da procuradora do município, Ana Cláudia Assis dos Santos, foram cobradas as ações previstas no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Tal documento foi assinado em maio deste ano, entre o município, o Ministério Público do Serro e a Mitra Arquidiocesana de Diamantina, que é proprietária do terreno ocupado por várias famílias de baixa renda, e prevê ações para assegurar a elas direitos básicos. 

De acordo com moradores, a ocupação de Várzea do Rio Landim teve início há cerca de 30 anos. Desde então, as famílias adquiriram terrenos por contratos de compra e venda de antigos moradores. Eles ainda relatam que algumas famílias pagam o IPTU e não recebem os serviços públicos porque, segundo a Prefeitura, a área pertence a um particular, que é a Mitra Arquidiocesana de Diamantina. 

Em julho de 2023, a ATI Nacab conheceu e passou a apoiar a população dessa localidade, que faz parte da área atingida pelo complexo minerário Minas-Rio, quando uma das moradoras solicitou ajuda da equipe, para solicitar a instalação da rede de abastecimento de água e de outros serviços públicos no local. A ATI então auxiliou os moradores na interlocução com a Prefeitura de Alvorada de Minas, elaborando e protocolando ofício com pedidos de informações a respeito da implementação das obras. Posteriormente, a ATI buscou informações junto ao Ministério Público e teve ciência sobre um TAC firmado entre as partes. 

Espera por melhorias 

Durante a reunião com a ATI e representantes do município, moradores relataram sobre problemas e dificuldades enfrentados: 

“Não temos luz. Nossa instalação é precária, tem rede passando em cima de casas e isso é muito perigoso. A água também é difícil, nós buscamos por nossa conta. Compramos mangueiras, elas arrebentam, não temos caixa d’água suficiente. Colocaram uma caixa, mas não fizeram as ligações, está rachando no sol, complicado. Se Deus quiser, a Prefeitura vai resolver isso pra gente”
Joicy Cristina Batista do Nascimento
moradora da Várzea do Rio Landim
“Aqui em casa temos fossa. No calor as crianças sofrem porque dá muito pernilongo. Precisamos da rede de esgoto. Além disso, no meu bar não posso fazer eventos porque a rua sem calçamento dá muita poeira e é muito irregular”
Denilson Simões da Silva
morador e comerciante em Várzea do Rio Landim

A coordenadora territorial da ATI, Camilla Almeida, e o analista jurídico, Leandro Victor Rodrigues, explicaram sobre alguns pontos do TAC e ressaltaram que: O município deve protocolar projeto de regularização da localidade em até 18 meses, contando a partir de maio de 2024. Depois, deve realizar obras de infraestrutura essencial e cumprir normas da Lei REURB, que é o conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais destinadas aos núcleos urbanos informais ocupados predominantemente por população de baixa renda. O descumprimento desse acordo implica multa diária e responsabilidade civil. 

 De acordo com os representantes do município, a população será beneficiada com toda a infraestrutura e não haverá ônus para as famílias obterem o registro dos imóveis. A procuradora Ana Cláudia também afirmou que o projeto está adiantado e que será encaminhado, em breve, à Câmara Municipal.  

“Assim que recebermos da equipe de engenharia o projeto de mapeamento dos lotes, vamos encaminhar para aprovação do Legislativo. Enquanto a regularização fundiária estiver ocorrendo, ou seja, as famílias estiverem recebendo o título de proprietários, a Prefeitura estará se organizando para executar as obras de urbanização. As obras serão realizadas por etapas, incluindo instalação de rede pluvial, asfalto nas vias, rede de abastecimento de água, tudo que é necessário para a construção de um bairro"
Ana Cláudia Assis do Santos
procuradora do município de Alvorada de Minas

Retorno da Feira 

Ao final da reunião, os moradores entregaram ao prefeito de Alvorada de Minas um ofício solicitando o retorno da Feira Cultural de Itapanhoacanga, para que possam vender seus produtos. Essa demanda foi apontada no Plano Estratégico Comunitário de Itapanhoacanga, elaborado em maio pela comunidade, com apoio da ATI Nacab. O Plano buscou apontar ações que promovam a diversificação e a reativação de atividades econômicas, conforme o modo de vida das comunidades atingidas pelas atividades minerárias da Anglo American. 

Reportagem e fotos: Patrícia Castanheira
Edição: Brígida Alvim

Comunicação ATI 39 Nacab