Crianças, jovens, idosos e famílias inteiras se reuniram na Festa de Nossa Senhora da Aparecida dos Córregos, realizada de 9 a 18 de agosto, no distrito tricentenário de Córregos, em Conceição do Mato Dentro. Os fiéis participaram das missas, novena, procissão, bingo e saborearam caldos e canjica na quermesse. As celebrações foram no salão paroquial, porque a Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida de Córregos está sendo restaurada.
A festividade foi organizada pelos grupos de liturgia, cantoria e eucaristia da igreja, com apoio da Associação Banda de Música Senhora Aparecida e da Associação Comunitária Esperança de Córregos. O evento foi prestigiado por moradores, vizinhos e visitantes.
Essa foi a segunda edição da Festa dedicada exclusivamente à padroeira do distrito, Nossa Senhora da Aparecida dos Córregos. Anteriormente, ela era celebrada no mesmo dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e por isso a devoção e o os nomes eram confundidos. Moradores contam que, em visita recente a Córregos, com o objetivo de distinguir as celebrações, o bispo da diocese de Guanhães, Dom Otacílio Ferreira de Lacerda, sugeriu a data de 15 de agosto, dia da Assunção da Virgem Maria, para homenagear a padroeira de Córregos. Assim, a partir de 2023, a Festa de Nossa Senhora da Aparecida dos Córregos passou a ser realizada em agosto, separadamente da Festa de Nossa Senhora Aparecida.
História da Santa
Em entrevista ao Padre João Evangelista dos Santos, pároco de Córregos, Conceição do Mato Dentro e Tapera, no período de 2016 a início de janeiro de 2024, algumas curiosidades sobre a Santa foram resgatadas. Padre João conta que, de acordo com relatos históricos, a imagem de Nossa Senhora da Aparecida dos Córregos recebeu o nome da vila onde foi encontrada. No início do século XVIII, bandeirantes, quando passaram pela região, encontraram córregos em um mesmo vale e acharam o lugar encantador. Então, se estabeleceram nesse local, que se transformou numa vila e recebeu o nome de Aparecida dos Córregos.
Segundo o pároco, mapas antigos já registravam a vila Aparecida dos Córregos, antes do aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Aparecida dos Córregos. A imagem é do início do século XVIII, levada pelos primeiros moradores e hoje está totalmente restaurada.
“Não existem relatos históricos que a Santa foi encontrada no rio, isso não pode ser afirmado. Como a imagem é de madeira, se tivesse na água teria traços de deterioração. Provavelmente, alguém mandou fazer e levou para Córregos. Também não se pode afirmar que foi trazida por um bandeirante e nem onde foi talhada. Como é uma iconografia de Nossa Senhora que não tinha título, possivelmente a única no mundo, deram a ela o nome de Nossa Senhora da Aparecida dos Córregos. A devoção também é única porque ela faz referência à vila Aparecida dos Córregos”, analisa padre João Evangelista.
Outra curiosidade é que a imagem da santa tem uma das mãos apontada para baixo e o Menino Jesus que carrega tem uma das mãos ao ouvido. “A interpretação, de acordo com a teologia, é de que a santa aponta para baixo porque se preocupa com a humanidade e o Menino escuta e leva as preces dela aos céus, à Deus. O Menino Jesus também escuta as preces da população e leva os pedidos ao Pai, para que ele possa solucionar os problemas”, explica padre João.
História contada pelos moradores
Uma das histórias que passa por várias gerações e é reproduzida por moradores completa a história contada pelo padre João. Jakson Saldanha Pimenta, presidente da Associação Banda de Música Senhora Aparecida, conta que aprendeu com o pai: “Existe uma lenda que a imagem foi encontrada onde hoje está a igreja matriz. Esta imagem foi levada para a antiga capela que, na época, era localizada na rua principal (Cônego Madureira). Segundo a lenda, a imagem voltou, misteriosamente, para o local onde foi encontrada. Devido a esta aparição, a matriz de Nossa Senhora da Aparecida dos Córregos foi construída no mesmo local”.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida de Córregos, construída para abrigar a imagem sacra da padroeira do distrito, tem o altar mor dedicado a ela. Desde 1985, a igreja é tombada como patrimônio cultural do Estado, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), que também tombou o núcleo de Córregos, em 2001.
Ouça o áudio abaixo:
Reportagem: Patrícia Castanheira
Edição: Brígida Alvim
Locução: Patrícia Castanheira e Georgyanne Sena
Fotos: Georgyanne Sena e Patrícia Castanheira