NACAB - Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens

Shopping da Minhoca é reconhecido como patrimônio imaterial por Caetanópolis

No último dia 13 de janeiro, o prefeito de Caetanópolis, Joãozinho Procópio, assinou decreto de tombamento da comunidade do Shopping da Minhoca, que fica às margens da BR-040, na entrada da cidade.

O local teve seus saberes reconhecidos como bem imaterial pelo Conselho Municipal Deliberativo de Cultura e Patrimônio Histórico e Cultural de Caetanópolis.

No final de 2024, a comunidade já havia sido oficialmente reconhecida como Comunidade Tradicional Extrativista, pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (SEDESE).

No Shopping da Minhoca, são vendidas iscas vivas como minhocuçus, sambarás e minhoquinhas, além de armadilhas, varas e diversos itens de pesca. Mas os saberes tradicionais extrapolam o local do comércio, pois os minhoqueiros, como se autointitulam os extrativistas de iscas vivas, estão espalhados pela região.

“Nós somos uma comunidade tradicional porque a gente já está há mais de 100 anos mexendo com o mesmo saber, com o mesmo ofício, e isso vem de geração em geração”
Marilei Aparecida
Trabalhadora do Shopping da Minhoca

Os barraqueiros mais antigos estão na BR pelo menos desde 1960, no entanto há registros de minhoqueiros na região desde os anos 1930. Marilei conta que estas conquistas são passos importantes para lutar pela autonomia das pessoas no território, que sofre as consequências do desastre-crime do rompimento da barragem de Brumadinho, bem como lutar contra as criminalizações e preconceitos constantes que os minhoqueiros sofrem.

“Nós vamos exigir do governo, porque nós somos profissionais e tradicionais igual o pescador, por exemplo. Às vezes tem minhoqueiro que sonha fraco... Nós não, nós queremos entrar na sociedade como extrativistas. Nós também queremos os direitos nossos”
Devanir Ferreira da Cruz (Índio)
Minhoqueiro de Paraopeba

Respeito aos saberes tradicionais

Com o reconhecimento por parte do Conselho Municipal em Caetanópolis, caminhos se abrem para a melhor auto-organização da comunidade. Para a Adriana Ribeiro Caetano de Andrade, da Secretaria de Cultura do município, o conhecimento significa a manifestação da comunidade pelo respeito do saber preservado de geração em geração e o tombamento permite manter a cultura viva e a Caetanópolis ser uma cidade que respeita e preserva sua história.

A Secretaria pretende, em parceria com a comunidade, buscar melhorias para que possam crescer mais, levando o nome da cidade a ser conhecido também por ter essa comunidade que comercializa um produto raro. O registro é a forma de mostrar ao IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) um pouco de nossas tradições e reconhecer a importância delas”
Adriana Ribeiro Caetano de Andrade
Secretaria de Cultura de Caetanópolis

Texto e fotos: Sarah Fontenelle Santos
Edição: Fabiano Azevedo