Foram dois meses de conversas e repasses de informações trazendo os resultados da pesquisa com o solo da região
Durante os meses de agosto e setembro, equipes da ATI Paraopeba Nacab fizeram reuniões com todas as comissões da Região 3 para tirar dúvidas e explicar os resultados do estudo que avaliou o solo impactado pelo rompimento da barragem da Vale. O estudo foi realizado em parceria com a Tommasi Ambiental, a partir de 169 amostras do solo, coletadas em novembro de 2020.
“Nossos resultados apontam fortes indícios de que o rejeito depositado nas áreas inundadas pelas cheias do rio Paraopeba de 2020 tenha provocado alterações físicas e químicas significativas no solo atingido. Esse tipo de resultado reforça a necessidade de mais estudos e ações de reparação direcionadas as áreas atingidas, de modo a garantir o retorno gradual das atividades produtivas e geração de renda nas comunidades atingidas”, destaca o especialista da área Socioambiental da ATI Paraopeba, Ramon Neto Rodrigues.
Os dados entregues pela Tommasi foram sistematizados pela equipe da ATI Paraopeba em formato de cartilhas para cada uma das comissões de pessoas atingidas da Região 3 (confira aqui). Como a pesquisa realizada seguiu uma metodologia de amostragem, foi possível analisar e apresentar resultados da situação de cada localidade em todo território da região, mesmo para os locais onde não houve coleta. As cartilhas também trazem os resultados do “Estudo de Avaliação de Riscos de Cheias” que apontam as áreas atingidas pelas cheias e cada uma das comissões da Região 3.
Diálogo e participação informada
Após a divulgação do material, foram realizadas reuniões online e presenciais para explicar o conteúdo da pesquisa, ouvir dúvidas e o posicionamento das comunidades sobre o resultado das análises.
No encontro presencial na comunidade Córrego de Areia, no município de Fortuna de Minas, moradoras e moradores destacaram a importância do diálogo e acesso aos estudos realizados pela ATI Paraopeba. “Para mim é muito importante essa reunião para estarmos a par do que está acontecendo. Nós aqui temos as nossas plantações, plantávamos em beira de rio, precisamos saber se o nosso solo está contaminado ou não. A gente continua plantando aqui e por mais que não trabalhemos mais diretamente nas margens do rio, para a gente é muito difícil”, avaliou Luciana Alves Cunha, moradora da comunidade.
Na avaliação do trabalhador rural Eduardo Ribeiro, do município de Paraopeba, o retorno do Nacab às comunidades, interrompido devido às restrições impostas pela pandemia, é algo que traz tranquilidade às pessoas atingidas. “Eu vim para a reunião pra falar sobre o solo, porque o Nacab fez umas análises e agora veio falar da contaminação, pra gente saber com o que a gente está mexendo, do lugar onde a gente vive, o que tem lá e a gente não sabia direito. Agora eu estou indo embora sabendo com o que estamos lidando”, contou.
Para a cozinheira Maria Geralda Moreira, também moradora da Zona Rural de Paraopeba, “a apresentação desses resultados tem toda a importância. É preciso pensar, assuntar, pois é muito importante tudo que foi falado e mostrado. Você tem que participar pra saber, pois como é que você vai saber se não vem [para os encontros]?”, destacou.
Durante a reunião com a comunidade de São José, no município de Esmeraldas, os participantes também ressaltaram a importância do retorno para apresentação dos resultados dos estudos que são realizados pelo Nacab no território. “É muito importante a gente ter essas cartilhas e essas informações para a gente conseguir informar as pessoas da comunidade que não participam das reuniões com a ATI. Porque tem muita gente que continua plantando. Então, precisamos fazer esse alerta”, disse Jaderson Rezende.
Orientações sobre o uso do solo
Para a maior parte das pessoas que participou dos encontros com o Nacab, o questionamento principal foi sobre a possibilidade de contaminação pelo uso do solo.
Sobre essa questão, é importante reforçar a recomendação que a ATI Paraopeba tem dado às comunidades para que aguardem os estudos de avaliação dos riscos à saúde humana e ecológico. Somente após esses estudos, poderemos afirmar se é possível retomar com segurança o uso destas áreas e o consumo de produtos agrícolas e de origem animal, como leite e derivados.
Confira fotos das entregas dos resultados pela Região 3:
Ouça esta notícia:
Reportagem: Bárbara Ferreira, Marcio Martins e Marcos Oliveira
Edição: Raul Gondim
Narração: Bárbara Ferreira