Projeções no monumento da cidade e em diferentes locais do país lembraram impunidade da mineradora após desastre
Os moradores de Pará de Minas se depararam na noite de segunda-feira, 25 de janeiro, com uma mudança em um dos principais cartões postais da cidade. Uma projeção de imagens foi realizada no Cristo Redentor, localizado no mirante da cidade, para celebrar a memória dos dois anos do rompimento da barragem da Vale, na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. A ação foi promovida pela equipe da Assessoria Técnica Independente da Região 3 (ATI R3) da bacia do Paraopeba, Nacab, em parceria com a Prefeitura Municipal de Pará de Minas.
Foram projetadas imagens do rio Paraopeba tomado por rejeitos e frases de ordem, criadas pelos atingidos e atingidas, cobrando ações reparadoras da autora do desastre-crime, a Vale: “VALE a pena ganhar bilhões às custas do sofrimento de MILHARES PESSOAS e se recusar a reparar os danos REPARÁVEIS?”, dizia a frase criada pela comissão de atingidos da comunidade de Muquém, de Pará de Minas. Além disso, foram afixados cartazes no local.
“O motivo deste ato é que, desde o dia 25 de janeiro de 2019, a vida na Bacia do Paraopeba foi devastada. Então fizemos esse ato para solidarizar com todas as vidas perdidas e com tudo que essa tragédia provocou. A gente chamou a população de Pará de Minas para olhar para o Cristo e se solidarizar com todas as pessoas atingidas, além de não deixar perder na memória”, ressaltou Luiza Monteiro, analista de campo no escritório do Nacab em Pará de Minas.
O ato foi tema de uma matéria do Jornal Integração da emissora local TVI Pará de Minas. Assista abaixo:
Além de Pará de Minas, o escritório local do Nacab atende também os municípios de Pequi, Florestal, São José da Varginha, Maravilhas, Papagaios e Fortuna de Minas. A Região 3 ainda conta com os municípios de Esmeraldas, Paraopeba e Caetanópolis.
O rio Paraopeba é a principal fonte de captação de água dessas cidades. Com a tragédia veio a indicação da não utilização do uso da água do rio, além de transtornos diversos que atingiram diretamente as comunidades que vivem às margens do rio, como redução da renda em atividades econômicas relacionadas à pesca, plantações, criação de animais para produção de leite e corte, turismo local, além de uma mudança brusca na cultura das comunidades ribeirinhas e tradicionais da região.
Fotos: Miryam Belo/Nacab
Atos simbólicos
Atos que contaram com projeções em pontos estratégicos, para lembrar a data de um das maiores tragédias socioambientais do mundo, aconteceram também em outras cidades de Minas Gerais e no Brasil.
A igreja localizada na comunidade do Córrego do Feijão, local onde a barragem rompeu e deixou 272 pessoas soterradas, recebeu projeções para marcar a data do desastre. Uma das frases, produzida pelo atingido Marco Antônio, de Brumadinho, dizia: “Que Brumadinho não fique impune, que não se repita. Nós queremos justiça”.
Fotos: Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário
Outros pontos, como o Museu Nacional, no Distrito Federal, a sede da Vale no centro do Rio de Janeiro e as paredes do Edifício JK, localizado no Centro de Belo Horizonte, receberam iluminações específicas em memória ao desastre-crime.
Fotos: Movimento dos Atingidos por Barragens (Museu de Brasília) e MovSAM (Edifício JK)
Texto: Marcio Martins/Assessoria de Comunicação da ATI R3 Nacab