Por Ariadne Macedo
Meus amigos, com licença
Venho aqui neste momento
Escrever sobre uma tragédia
Fato de grande tormento
A tragédia de um povo
Que quer se erguer de novo
Mas vive em grande lamento
Foi num dia de janeiro
Vinte e cinco, precisamente
Que o crime aconteceu
Um rompimento, de repente
E a lama desceu sem dó
Engolindo os arredó
Matando bichos e gente
E caiu no Paraopeba
Que sangrou de agonia
Suas águas ficaram podres
Morreu tudo que nele havia
E ele segue seu rumo
Mesmo estando sem prumo
Se espalhou nas margens frias
E o povo ribeirinho
Recebeu toda essa lama
Fétida, cheirando a morte
E repleta de todo drama
Invadiu casas e quintais
Beleza não se via mais
Mas o povo tinha gana
Três anos se passaram
O rio tornou a encher
E trouxe mais uma vez
Seu grito no entardecer
A lama veio de novo
E junto, a tristeza do povo
Vendo a morte aparecer
E o culpado por isso?
Onde está o criminoso?
Se esvaiu de toda a culpa?
Virou as costas pro povo?
é hora de cobrar o crime
de culpa ninguém se exime
para não acontecer de novo.
São três anos de Brumadinho
E de toda a bacia
Do grande Paraopeba
E tudo que ele trazia
Hoje o rio está morto
Suas águas iguais a esgoto
Descendo em curvas sombrias.
Mas o povo não desiste
De querer reparação
De ter suas vidas de volta
Junto ao rio, o seu irmão
As vozes que se somaram
Se fortalecem e não se calam
Contra a VALE, bicho papão
E aqui eu me despeço
Com uma reflexão
Devemos seguir na luta
Juntando todas as mãos
Dos atores dessa história
Que é de fato inglória
E exige solução
A fé e esperança
Alimentam os ribeirinhos
Que mesmo desnorteados
Buscam uma luz no caminho
Que a justiça os ampare
Punindo o monstro da VALE
Tirando da alma os espinhos.