Empunhando bandeiras com dizeres como “justiça e impunidade”, “reparação integral” e “plano popular”, atingidos e atingidas pelo crime da Vale na Mina Córrego do Feijão se reuniram no último final de semana (11 e 12 de dezembro) no município de Sarzedo, região metropolitana de Belo Horizonte. O encontro teve o objetivo de discutir o processo de reparação em curso e a elaboração coletiva de um Plano popular de recuperação e desenvolvimento para a bacia do Paraopeba.
O evento, que contou com a participação de 300 pessoas, entre elas 11 representantes das comunidades da Região 3, foi organizado pela Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), pelo Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A programação trouxe plenárias e discussões em grupo que buscaram analisar a atual conjuntura do processo de reparação, às vésperas de se completarem 3 anos do desastre-crime e com a execução do acordo judicial a pleno vapor. Para aprofundar essa discussão, participaram do encontro o promotor do Ministério Público de Minas Gerais, André Sperling, e a defensora pública Carolina Morishita. Estiveram também presentes os deputados Rogério Correa, André Quintão e Beatriz Cerqueira.
O evento contou ainda com a participação, como convidadas, das Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) da bacia do Paraopeba: a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), o Instituto Guaicuy, o Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (Insea) e o Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab).
Outras entidades também estiveram presentes no encontro: a Cáritas Brasileira, que atua como ATI do município de Mariana dentro do processo de reparação da bacia do Rio Doce; e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Puc Minas), que coordena o trabalho das ATIs da bacia do Paraopeba como Coordenação e Acompanhamento Metodológico e Finalístico (CAMF).
Integrante da Comissão do Shopping da Minhoca, Marilei Aparecida Alves elogiou o encontro e considerou a iniciativa promissora. “Lá pudemos reunir as ATIs e dizer o que a gente espera que aconteça. Cada atingido falou de sua região e pudemos compartilhar as coisas da forma como aconteceu, porque muitas pessoas não sabem a dimensão do crime da Vale e porque o outro foi atingido. Eu acho que deveria ter mais união e mais encontros, pois um só não resolve, para que possa haver a reparação, a partir da voz de todos”, concluiu.
O próximo Encontro de Atingidos e Atingidas da Bacia do Paraopeba está marcado para o dia 25 de janeiro de 2022, data dos 3 anos do desastre-crime. Outras atividades também estão sendo preparadas pelas entidades organizadoras do Encontro para fortalecer a luta das pessoas atingidas e lembrar os danos causados pela Vale e que seguem até hoje afligindo a bacia do Paraopeba.
Reportagem: Leonardo Dupim
Edição: Raul Gondim
Fotos: Comunicação MAB