Nacab distribui doações em comunidades atingidas na região 3 do Paraopeba. Principais demandas são botas e luvas emborrachadas, água potável e materiais de limpeza
As fortes chuvas do início do ano provocaram uma grande cheia no Rio Paraopeba, a maior dos últimos 50 anos, deixando um rastro de perdas e destruição nas comunidades ribeirinhas da Bacia. Desde então, a Assessoria Técnica Independente Paraopeba – Nacab está se mobilizando para ajudar as pessoas que estão enfrentando a falta de necessidades básicas, como água potável, alimentação, medicamentos, itens de limpeza e higiene pessoal.
Por meio da campanha de doações realizada pelo Nacab, até o momento foram arrecadados mais de 15 mil reais, além de mantimentos não perecíveis, roupas, água e produtos de limpeza e higiene pessoal. Com o recurso, revertido na compra de itens, mais as doações recebidas, desde a última quarta-feira (12 de janeiro), os analistas do Nacab realizaram a entrega de mais de 150 cestas básicas e 1000 litros de água mineral. A distribuição é feita com a ajuda de lideranças locais, buscando atender as principais necessidades de cada família.
Corrente de solidariedade
As 23 comunidades atingidas dos sete municípios assessorados pelo Escritório de Pará de Minas da ATI Paraopeba tiveram casas inundadas, perdas de áreas produtivas, de pastagens, além de uma possível contaminação das fontes de águas das propriedades. “O item de necessidade básica mais demandado por muitas famílias da nossa região foi e continua sendo a água potável. Com o apoio das doações, foram distribuídos vários galões, para mais da metade destas comunidades. Uma ajuda solidária e humanitária muito importante nesse difícil momento”, descreve a coordenadora do escritório do Nacab em Pará de Minas, Luiza Monteiro.
No município de Esmeraldas, os donativos foram encaminhados para as nove comunidades atendidas pelo Nacab. “Estamos tentando amenizar o sofrimento de pessoas que já estavam travando uma luta por justiça, em busca da reparação dos danos causados pelo desastre-crime que a Vale cometeu na Bacia do Paraopeba há três anos. Agora, elas tiveram os seus bens levados por uma enchente que deixou um material que pode ser tóxico e trazer problemas para a saúde delas. Precisamos que, além do envolvimento da população e sociedade civil organizada, o poder público acompanhe essas comunidades de perto para que não sofram ainda mais”, aponta o coordenador do escritório do Nacab em Esmeraldas, Jean Silva.
Ampliando a rede de solidariedade, a ATI Paraopeba levou 30 cestas básicas para os povos indígenas que vivem na Aldeia Kamakã Grayra, na região de Caio Martins, em Esmeraldas. Segundo a Cacique Marinalva, a aldeia abriga mais de 30 famílias e faz parte do grupo de comunidades que, embora atingidas pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, ainda não foram reconhecidas dentro do processo de reparação.
Busca por soluções
Para além das ações emergenciais necessárias, a ATI Paraopeba também busca soluções mais efetivas para o problema das enchentes, que vem se repetindo nos últimos anos. Nesse sentido, o Nacab tem dialogado com representantes do poder público municipal de cada município atingido pelas enchentes do Paraopeba. “Fizemos reunião com o prefeito, secretário de assistência social, secretário de obras, e a defesa civil de Paraopeba, e solicitamos apoio para dar a assistência necessária para as pessoas que estão precisando de ajuda”, cita o coordenador do escritório do Nacab em Paraopeba, Pedro Dias.
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Reportagem: Marcio Martins, com colaboração de Bárbara Ferreira e Marcos Oliveira
Narração: Bárbara Ferreira
Edição: Raul Gondim e Brígida Alvim