Relatório entregue às Instituições de Justiça aponta que a inundação de 2022 do rio Paraopeba atingiu 13.453 hectares, 12% da área territorial das comunidades da Região 3 da bacia e causou inúmeras perdas à população
No início deste ano, as enchentes que atingiram Minas Gerais trouxeram danos a diversas comunidades ribeirinhas da Região 3 da Bacia do Rio Paraopeba, ampliando ainda mais as consequências do rompimento da barragem da Vale, em janeiro de 2019.
Diante da situação de emergência e para garantir registros dos danos causados, entre os dias 18 de janeiro e 18 de fevereiro, uma equipe multidisciplinar da ATI Paraopeba Nacab esteve em campo e percorreu todas as comunidades atingidas pelas cheias. Ao todo, foram mais de 4000 km rodados, 148 propriedades e 301 edificações avaliadas pelos técnicos.
A partir dessa ação da ATI Paraopeba Nacab, foram encaminhados para as Instituições de Justiça um documento com a avaliação dos danos na Região 3 e ofícios pedindo a atuação dos órgãos ambientais e da Vale. Agora, a equipe do Nacab está produzindo relatórios para cada uma das comissões atingidas, material semelhante ao que foi realizado após as cheias do ano de 2020 (confira aqui). Esses novos relatórios devem ser divulgados entre os meses de abril e maio de 2022.
Com base nos dados coletados em campo, estima-se que a inundação de 2022 do rio Paraopeba tenha atingido 13.453 hectares, 12% da área territorial das comunidades da Região 3. No total, aproximadamente 1977 pessoas e 507 edificações foram diretamente atingidas pelas cheias do rio Paraopeba. O estudo aponta ainda que cerca de 537 pontos de captação/uso de água, como poços, cisternas, açudes, córregos e nascentes, foram submersos pelas cheias do rio Paraopeba, o que pode inviabilizar a captação de água nesses locais. Registrou-se pontos de captação atingidos a mais de 3 quilômetros da margem do rio Paraopeba.
O contato com o material trazido pelo rio Paraopeba tem gerado ainda problemas de saúde, como náuseas, febre, dores de cabeça, feridas na pele e diarreia. 41% das famílias visitadas relataram algum tipo de queixa de saúde. Assim que os relatórios das comissões estiverem prontos, eles também serão disponibilizados em nosso site e para as pessoas das comunidades atingidas.
Cobertura do impacto das cheias
A equipe multidisciplinar que realizou o monitoramento dos danos das enchentes conversou com as pessoas atingidas, colheu depoimentos e registrou os estragos causados pelas cheias do rio. Confira abaixo o material audiovisual produzido durante essa ação em campo, em cada uma das localidades visitadas.
Zona rural de Paraopeba
Zonas rurais dos municípios de Pará de Minas, Pequi e São José da Varginha
Fortuna de Minas
Esmeraldas
Texto: Bárbara Ferreira
Edição: Leonardo Dupin e Raul Gondim
Fotos: Bárbara Ferreira, Márcio Martins e Marcos Oliveira
Vídeos: Daniel Drumond e Grax Medina