Equipes formadas por especialistas de diversas áreas de conhecimento visitam comunidades até março
Nesta quarta-feira, 19 de janeiro, a equipe da ATI Paraopeba Nacab iniciou o monitoramento dos impactos das enchentes do Rio Paraopeba no início de 2022. A intenção deste trabalho é perceber como foram os danos relacionados a perdas materiais e econômicas, à estrutura de casas e propriedades, à qualidade da água, ao solo e à saúde, delimitando os novos limites das cheias.
Na Zona Rural de Paraopeba, duas equipes multidisciplinares visitaram casas e propriedades, conversaram com as pessoas, fizeram registros fotográficos e marcaram pontos de alagamento que serão acompanhados até o mês de março, considerando todo o período das chuvas, permitindo uma análise mais ampla e consistente dos impactos e dos danos.
Em 2020, o Nacab levantou os danos associados às cheias daquele ano e a intenção agora é também conseguir compreender a dimensão que os danos tomaram de lá para cá. “A ideia, com a presença dos especialistas e analistas de campo, é trazer olhares diferentes e ter uma qualidade na hora de levantar os danos. A gente pretende acompanhar e monitorar os danos para entender se haverá um potencial de agravamento ou se surgiram outros danos ainda não mapeados”, afirmou Irla Rodrigues, da Gerência Socioambiental.
Mesmo sendo o primeiro dia de atividades, foi possível notar a diferença entre os locais alagados, com um aspecto de queimado e morte dos vegetais, em contraste com o local onde a água não alcançou. “É clara a alteração física. A gente consegue perceber uma lama, que é um sedimento diferente do que naturalmente era depositado no rio, além da possível presença do rejeito contaminando, alterando o tempo de retorno, as características e a impermeabilização do solo, o que traz inúmeras possibilidades de contaminação, seja por animais domésticos ou material particulado”, concluiu Irla Rodrigues.
De acordo com Mona Lisa Cardoso, que recebeu a visita do Nacab, a enchente de 2022 foi a maior dos últimos 50 anos e lamenta a recorrência dos danos desde o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho.
“É muito triste ver uma propriedade que é a nossa vida inteira, afetada. A lama prejudicou todo o meu trato do gado, cobriu o meu paiol, que é onde armazeno o silo, destruiu o meu jardim, meu pomar, e parte da minha horta. Infelizmente, por onde essa lama passa, ela seca as plantas e deixa um cheiro ruim”, descreveu.
A moradora de Paraopeba valorizou a importância do monitoramento e espera que os dados levantados auxiliem na justa reparação. “Essa visita do Nacab nos deixa com uma expectativa boa, pois nos ajuda a entender os nossos prejuízos e como estamos sobrevivendo a esse risco. A esperança é que a gente tenha uma matriz de danos justa, que as pessoas atingidas tenham seus direitos preservados e que a gente consiga encerrar esse caso, pois o que queremos é levar nossas vidas normalmente, como era antes do rompimento”, desabafou Mona Lisa.
Além da Zona Rural de Paraopeba, o monitoramento das cheias, conduzido pela ATI Paraopeba Nacab, está sendo realizado com pessoas e comunidades nas regiões de Esmeraldas e Pará de Minas.
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Reportagem e fotos: Marcos Oliveira
Edição: Raul Gondim