O Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (NACAB) iniciou nesta semana o Seminário de Integração e Espaços Formativos voltado para acolher e capacitar a equipe da Assessoria Técnica da Região 3 (ATI R3). O evento que prevê diversos encontros e eixos temáticos teve início na segunda-feira, 21 de setembro, dando boas-vindas aos 51 novos profissionais recrutados pelo edital de processo seletivo realizado pelo Nacab em agosto.
De diversas áreas e formações profissionais, eles chegaram para fortalecer o time da ATI no assessoramento às pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Mina de Córrego do Feijão, da Vale. O propósito do Seminário, voltado para o público interno da ATI, é integrar esses profissionais e orientá-los para o trabalho de campo no percurso do Rio Paraopeba denominado Região 3, que compreende cerca de 30 comunidades nos municípios de Esmeraldas, Florestal, Fortuna de Minas, São José da Varginha, Pequi, Papagaios, Maravilhas, Pará de Minas, Caetanópolis e Paraopeba.
Boas vindas
No primeiro dia do Seminário, representantes do Nacab, do Instituto Sustentar e do Insea – instituições que dividem a condução da ATI R3 – se apresentaram, contextualizaram o crime do rompimento da barragem, a ação civil pública que prevê a reparação total dos danos às vítimas e o papel da Assessoria Técnica Independente dentro do processo. O evento foi realizado virtualmente com a participação de mais de 80 pessoas, entre técnicos que já vem trabalhando na ATI R3 e os novatos. E contou com a importante participação de duas pessoas atingidas da Região 3: Patrícia Passarela, de Taquaras (Esmeraldas) e Renato Moreira, do Quilombo de Pontinha (Paraopeba), que ajudaram a contextualizar os danos causados pelo rompimento da barragem nas comunidades atingidas.
“A Vale destrói sonhos, lembranças, amizades e desconstrói a convivência. Estamos perdendo o pouco que conseguimos ao longo da vida, sem ter o mesmo amparo da lei. Nossas esperanças são vocês para nos darem voz, porque tentam nos calar a cada segundo. Agradeço pela oportunidade de poder representar minha comunidade nesse seminário”, disse Patrícia Passarela.
“O Seminário está ótimo! Gostei muito de participar e ver a galera chegando com sangue novo e todos profissionais bem qualificados. Fica aquela expectativa de que a situação vai ter uma reviravolta em nosso favor. É necessária essa força-tarefa, esse pessoal chegando com empenho e disposição para nos ajudar nessa causa tão difícil contra essa ‘monstra’ que é a Vale. A minha esperança é de que no final vai dar tudo muito bem”, disse Renato Moreira, de Pontinha.
Impactos da mineração e a luta das pessoas atingidas
Na quarta-feira pela manhã ocorreu a segunda fase do seminário, onde foram discutidos temas como o impacto da mineração para os territórios e o papel estratégico das assessorias técnicas independentes para potencializar o protagonismo das vítimas e o alcance de direitos no processo de reparação. O evento contou com a exposição do Joceli Andrioli, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e de Luiz Paulo Guimarães de Siqueira, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM). Dessa vez contamos com a participação da atingida Jaqueline Santos, da comunidade Padre João, Esmeraldas, que contou sobre as diversas perdas e mudanças locais sofridas pelas pessoas que vivem próximas ao Rio Paraopeba, contaminado e interditado a partir do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019.
O Seminário de Integração e Espaços Formativos da ATI R3 segue com o programa de formação da equipe para o trabalho junto aos atingidos, com programação na sexta-feira e durante toda a próxima semana, até dia 3/10. Estão previstas uma agenda com a participação do promotor André Sperling, do Ministério Público de Minas Gerais, e da defensora pública Carolina Morishita, da Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG). Também serão feitas apresentações do plano de trabalho e das estratégias de cada gerência e área que compõem a Assessoria Técnica do NACAB na Região 3.
Além do Seminário, os novos colaboradores estão recebendo materiais para leitura e participando de reuniões de alinhamento e integração. A expectativa é de que eles possam ir a campo em breve, dentro das condições de segurança sanitária permitidas nesse momento da pandemia, para atuarem na busca pela reparação integral para todas as pessoas atingidas da Região 3.
Texto: Leonardo Dupin e Brigida Alvim / Assessoria de Comunicação ATI R3 – NACAB.