No último dia 13 de setembro, representantes das pessoas atingidas da Região 3 da Bacia do Paraopeba participaram da Expofavela 2024, um dos principais eventos de empreendedorismo do país. Elas tiveram a oportunidade de conhecer experiências bem-sucedidas de empreendedores, geralmente de baixa renda, que investiram em seus próprios negócios.
A oportunidade de conhecer outras iniciativas de ampliação de negócios serviu de incentivo e motivação para as pessoas atingidas. A cozinheira Marcelina de Jesus Santos Monteiro, da comunidade de Soledade (município de Pequi), se encantou com as barracas de culinária. “Esse encontro foi muito produtivo e as experiências das cozinhas, além das palestras que vi aqui, me deram ânimo para trabalhar e expandir a minha produção de alimentos”, disse Marcelina.
A presidenta da Central Única das Favelas (Cufa) de Minas Gerais, Marciele Delduque, destacou a importância da movimentação dos empreendedores nos territórios atingidos pelas mineradoras buscando se organizar. Delduque trouxe como exemplo o avanço da rede de mulheres empreendedoras no município de Mariana, “Marianas Mulheres Que Inspiram”.
As comunidades atingidas da Região 3 da Bacia do Paraopeba vêm construindo processos de transição em busca de novas alternativas econômicas para retomada dos seus projetos de vida e desenvolvimento dos coletivos. “Neste contexto, a participação dos atingidos e atingidas na Expofavela 2024, promovida pela CUFA, foi um rico espaço de aprendizados a partir das experiências de empreendedorismo, negócios integrados a partir das diversas áreas culturais, debates potentes com parceiros estratégicos que buscam no espaço urbano a emancipação de grupos vulneráveis com a geração de trabalho e renda, sobretudo das mulheres e jovens da periferia”, destacou o Gerente de Reparação da ATI Paraopeba Nacab, Luciano Marcos, que acompanhou o grupo.
Evento Lixo Zero
A edição 2024 da Expofavela recebeu a certificação Lixo Zero, concedida a eventos ou instituições que destinam mais de 90% dos seus resíduos para o correto reaproveitamento. Para a presidenta da Cufa-MG, Marciele Delduque, fazer um grande evento como esse sem prever os impactos ambientais atualmente seria um erro. Ou seja, não seria possível realizar a Expofavela sem colocar em evidência a pauta da sustentabilidade. “Nós, dentro das favelas e comunidades, somos os mais atingidos pelas questões climáticas, e quando se pensam ações e soluções para isso, nunca nos chamam para o debate. Então, quando a gente traz a importância da certificação do Lixo Zero, a gente ratifica que, por meio do nosso conhecimento, temos a capacidade de apresentar as soluções dentro de uma proposta de sustentabilidade”, disse.
A agenda Lixo Zero tem se tornado um relevante movimento em busca da expansão das boas práticas que buscam pautar cada vez mais a responsabilidade de todos os cidadãos e instituições de diferentes setores na reflexão sobre a geração de resíduos e sua destinação adequada.
Muitos países, ao alcançar a destinação de mais de 70% do resíduo gerado para o reaproveitamento, recebem a titulação de Lixo Zero. No Brasil, além de alcançar a meta do reaproveitamento dos resíduos, pensa-se no conceito de Reciclagem Popular, que valoriza a tecnologia social desenvolvida por catadores e catadoras de materiais reaproveitáveis.
“A preocupação com a destinação adequada dos resíduos foi outro passo importante, sendo a adoção do Lixo Zero como prática de educação ambiental um ponto alto do evento”, completa Luciano Marcos.
Texto e Fotos: Marcio Martins
Edição: Fabiano Azevedo