Comunidades da Região 3 participam de oficinas para construção do novo Plano de Trabalho da ATI Paraopeba Nacab
De 30 de agosto a 4 de setembro, equipes do Nacab foram a diversas comunidades atingidas da Região 3 do Paraopeba colher contribuições para a construção participativa do novo plano que vai guiar o trabalho da Assessoria Técnica Independente (ATI) nos próximos anos. Nos encontros, realizados junto às 21 comissões de pessoas atingidas da Região 3, os participantes demonstraram interesse na reparação coletiva, expuseram demandas e muitas sugestões de melhorias e avanços.
Em formato de oficinas, foram desenvolvidas atividades de resgate de memória e listados os principais marcos da busca por reparação desde o desastre-crime, em janeiro de 2019, até o momento atual. Além disso, participantes discutiram e propuseram caminhos de trabalho relacionados à reparação em diversos âmbitos, passando por participação, formação e comunicação.
Essas reuniões marcam o início da construção do plano de trabalho da ATI voltado para atuação durante o período de execução do acordo de reparação, firmado em fevereiro entre a Vale S.A., o Governo de Minas e as instituições de Justiça. O papel da ATI é apoiar as pessoas atingidas na comprovação de danos e garantia de seus direitos, assessorando, mobilizando e integrando pessoas, comunidades e comissões da Região 3 da Bacia do Paraopeba.
Construção coletiva e participativa
Na partilha de preocupações, histórias, memórias e expectativas, partindo dos danos sofridos e do desejo de ver ações que permitam a recuperação do rio e seu uso o mais rápido possível, foi feita uma “chuva de ideias”. Os debates e proposições foram ricos, incluindo, por exemplo, novos estudos e medidas de avaliação, controle e contenção dos impactos negativos; deliberações que priorizem as pessoas atingidas; consultorias e formações em plano de negócios, estudo de mercado, gestão financeira e comunicação; além de formas de garantias contra a prescrição do crime da Vale.
Para Winston Caetano de Souza, trabalhador rural de Paraopeba conhecido como Tito, os encontros estimularam e engajaram as pessoas na luta por direitos. “Muitos já estavam desiludidos, achando que a opinião deles pouco valia, mas a presença da ATI dá uma mexida nos atingidos, faz com que possam expor o que sentem e se envolvam socialmente com o (desastre-crime) ocorrido”, afirmou.
A estudante Denise Aparecida Rezende, moradora de Três Barras, no município de Fortuna de Minas, valoriza a participação dos atingidos e atingidas na construção do plano e em todos os momentos do processo de busca por reparação. “Foi muito importante a reunião, muito produtiva. As pessoas puderam expor o que esperam dos próximos passos e foi também um momento importante de sanar dúvidas, pois tivemos essa liberdade. Acredito que o Nacab junto com a comunidade possa trazer coisas que a gente precisa, como investimentos em áreas específicas, em um trabalho feiro em conjunto”, avaliou Denise.
Em Esmeraldas, Jorvano Quadros, que participou junto à comunidade de Taquaras, enxerga avanço no processo de reparação, com a perspectiva de trabalho presencial e contínuo da ATI. “Essa reunião foi muito transparente e todo o material apresentado foi esclarecedor. Nós cobramos o trabalho presencial porque só assim que muitas pessoas terão acesso às informações”, ressaltou. E o comerciante Jaderson Rezende, da comissão de São José, também reforçou a importância da participação das pessoas atingidas. “Na reunião tivemos várias ideias novas e outras para aprimorar o que já vem sendo feito pela ATI. Quanto mais pessoas participando, mais ideias surgem”, disse.
Confira fotos de algumas das oficinas de construção do Plano de Trabalho da ATI Paraopeba Nacab, realizadas em comunidades da Região 3:
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Reportagem e fotos: Marcos Oliveira, Marcio Martins e Bárbara Ferreira