NACAB - Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens

Povos e Comunidades Tradicionais se reúnem em Papagaios e Caetanópolis 

Encontros promoveram o debate sobre a participação dos PCTs na implementação do acordo de Reparação coletiva

Nos dias 6 e 7 de dezembro, foram realizados os primeiros Encontros de Povos e Comunidades Tradicionais, na abrangência do escritório de Paraopeba do Nacab.

O objetivo da iniciativa foi iniciar na região a discussão sobre a organização coletiva das pessoas e comunidades atingidas pelo desastre-crime da Vale nos níveis local, regional e inter-regional para influenciar nas decisões de implementação do Acordo de Reparação Coletiva.  

Para além disso, foi debatido nesses encontros a urgência de acesso a políticas públicas, por parte destes povos, quem respeitem a suas tradicionalidades e ajudem a perpetuá-las para as futuras gerações. 

Em Papagaios, o evento aconteceu na Casa de Umbanda Pai Xangô, e, em Caetanópolis, na Casa de Cultura Clara Nunes. Em ambos os locais, estiveram presentes representantes dos Povos e Comunidades Tradicionais da região e analistas da ATI, que conduziram os encontros. 

No encontro realizado em Caetanópolis foram realizados momentos de reflexão a respeito de quais são as tradicionalidades encontradas nos munícipios da região, como religiões de matriz africana, produtores, extratores e vendedores de iscas vivas, com a construção de um mapa. Além disso, foram realizadas abordagens para identificar onde os Povos e Comunidades Tradicionais estão situados e o que prevê a legislação. 

“O direito à reparação integral dos povos e comunidades tradicionais tem que ser pautado pelas ações afirmativas, compreendendo que o rompimento da barragem da Vale foi um crime de racismo ambiental que afeta as pessoas a partir de sua identidade étnico-racial, territorial e isso tem que ser pensado dentro dos processos de participação e reparação”
Caena Rodrigues
Assessora de Coordenação de Campo da ATI Paraopeba Nacab
Leidiana da Costa, produtora de iscas e moradora da Lagoinha, em Paraopeba

É um aprendizado que passa de geração para geração. Isso nunca acaba, porque vãose os mais velhos e depois vêm os mais novos. Aí já vêm os filhos, os netos, os bisnetos e vai seguindo a tradição”, contou Leidiana da Costa, produtora de iscas vivas e moradora da Lagoinha, em Paraopeba. 

Pai Riquinho de Oxóssi, do Terreiro de Oxóssi Sultão das Matas, localizado no Quilombo da Pontinha, em Paraopeba

“Unidos podemos lutar pelos nossos interesses e podemos conquistar. A gente começou a entender mais a dor do outro, então saio daqui mais esperançoso e mais forte para lutar amanhã”, concluiu Pai Riquinho de Oxóssi (Carlos H. Moreira), do Terreiro de Oxóssi Sultão das Matas, localizado no quilombo da Pontinha, em Paraopeba. 

2022-12-07 - Encontro de Povos e Comunidades Tradicionais de Paraopeba e Caetanópolis

Tradicionalidades do Shopping da Minhoca

No dia 13 de dezembro foi realizada uma reunião na barraquinha da Igreja, em frente ao Shopping da Minhoca, localizado às margens da BR-040, entre Sete Lagoas e Caetanópolis, com o objetivo de pensar a identidade do grupo, como povos e comunidades tradicionais, e identificar direitos e garantias relacionadas à categorização dos produtores, extratores e vendedores de iscas vivas como PCTs. A reunião foi resultado do encontro realizado em Caetanópolis.

No encontro houve um debate sobre autorreconhecimento e autoidentificação, para o acesso a políticas públicas, e sobre o processo de certificação da autodefinição como comunidade tradicional, de acordo com a legislação vigente e a exposição de marcos legais. A salvaguarda foi discutida no encontro como uma possibilidade viável para a preservação da atividade extrativista da minhoca.  

2022-12-13 - Reunião com a temática de Povos e Comunidades Tradicionais no Shopping da Minhoca

Matéria e fotos: Marcos Oliveira

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