NACAB - Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens

Reassentados não têm garantia de água em caso de novas moradias


Moradores do reassentamento Piraquara, zona rural de Conceição do Mato Dentro, foram surpreendidos na última quinta-feira, dia 29 de junho, com uma Notificação Extrajudicial informando que a Anglo American não garantirá água e energia para novas casas que forem construídas no local. A Anglo também esclareceu na notificação que os moradores não podem fracionar suas terras em tamanhos menores que a Fração Mínima de Parcelamento (FMP) do município.

A informação sobre o fracionamento dos terrenos, localizados em área rural, foi justificada pela Lei Nº 6.766/79 (Parcelamento de Solo Urbano) e, segundo a mineradora, configura crime contra a administração pública. No entanto, na mesma notificação, a Anglo informa que a venda para terceiros é uma livre escolha do reassentado e, caso seja menor que a FMP, a venda poderá ser formalizada junto ao Cartório de Registro de Imóveis sob forma de condomínio.

A notificação foi entregue dois dias após a realização de uma reunião entre a comunidade e a mineradora. Durante esta reunião, por falta de informações, o projeto da Estação de Tratamento de Água (ETA) apresentado pela Anglo American não foi aprovado pela comunidade. Também nesta reunião, a Anglo garantiu que as famílias poderiam continuar com a tradição cultural de permitir que os filhos construíssem uma casa no terreno dos pais e que haveria água suficiente na ETA para todas as famílias, para irrigação das plantações e para as criações. A mineradora não informou quais os poços das famílias locais seriam utilizados para abastecimento da ETA e nem deu uma data para que seja regularizado o abastecimento.

É importante lembrar que a comunidade está sendo abastecida somente por caminhão-pipa e em quantidade insuficiente. Em Audiência Pública, realizada em março pelo Ministério Público, ficou determinado que a Anglo deveria providenciar uma forma de abastecimento definitiva. A Anglo também não apresentou aprovação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para fracionamento dos imóveis que foram vendidos aos reassentados.