O evento foi uma iniciativa da CAMF em parceria com as três assessorias técnicas independentes (ATIs) que atuam em Brumadinho e na Bacia do Rio Paraopeba
No último sábado, dia 31 de julho, pessoas atingidas da Região 3 do Paraopeba se reuniram com pescadores e pescadoras de toda a bacia para um encontro virtual com o tema “2 anos e meio do rompimento: a atividade pesqueira na Bacia do rio Paraopeba e no reservatório de Três Marias”. A iniciativa foi proposta pela Coordenação de Acompanhamento Metodológico e Finalístico (CAMF), da PUC Minas, e construída com a participação das três Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) – Aedas, Guaicuy e Nacab.
O objetivo do encontro foi promover um debate sobre o cenário da pesca na bacia, trazendo informações sobre os danos e prejuízos para a atividade pesqueira pós-rompimento da barragem B1, em Brumadinho. Houve a participação de representantes de todas as regiões impactadas, incluindo a Região 3, representada pelo pescador José Amarildo de Sousa, da comissão de Florestal, e por Marilei Aparecida Alves, comerciante do Shopping da Minhoca, em Caetanópolis.
Participação
O momento mais importante do seminário aconteceu durante os relatos de pescadores e pescadoras, que lembraram um pouco de como era a pesca antes do desastre-crime da Vale. Pessoas atingidas de toda a bacia apresentaram seus desafios atuais, a partir da perda dos peixes e do contato com o rio, fonte de subsistência e lazer. Falaram ainda da importância de se pensar em alternativas econômicas e de recuperação do rio Paraopeba.
A Região 3, além de ter sido representada no evento pelo Amarildo e pela Marilei, se destacou também na participação através do chat da transmissão, enviando comentários e perguntas que enriqueceram o debate.
“Aqui (Caetanópolis e Paraopeba), o fluxo de pescadores diminuiu muito pois a maioria dos pescadores que passavam toda semana por aqui deixaram de passar. Eles pescavam no Rio Paraopeba e a maior parte deles vinha da Região Metropolitana. Por isso, nós do Shopping da Minhoca passamos muitas dificuldades. Perdemos 70% da nossa renda por não termos mais esses clientes. Muitas pessoas adoeceram por perder seus trabalhos, pessoas ficaram devendo o banco, pararam tratamentos médicos por não ter renda para pagar. Muito triste o cenário de depressão e ansiedade. Como mudar o modo de vida de pessoas que passaram a vida fazendo a mesma coisa? São muitos anos de trabalho aqui como em toda a bacia”, relatou a barraqueira do Shopping da Minhoca, em Caetanópolis, Marilei Alves.
Estudos e pesquisas
O seminário contou ainda com a participação de um representante de cada ATI, que falaram sobre os danos na água, nos peixes e, principalmente, para a atividade pesqueira em suas respectivas regiões. Falando pela ATI Paraopeba Nacab, o especialista da Gerência de Desenvolvimento Territorial e Agroecologia (GDTA), Fábio Meira, apresentou resultados de estudos sobre a situação dos peixes da região, os impactos na atividade pesqueira local e ressaltou a orientação do não consumo dos peixes do Paraopeba. Além disso, ele também apresentou dois materiais importantes lançados recentemente pelo Nacab e que trazem mais informações sobre o tema: o boletim digital Mobilização “Rio sem Pesca” e o informativo “Monitorando o Meio Ambiente na Região 3”.
“Temos pesquisas em andamento nesse momento que trarão mais informações sobre a pesca, com relação a atividade econômica, a contaminação dos peixes e a caracterização da população atingida. E isso será lançado em breve pelo Nacab. Já sabemos que aqui na região 3, temos uma pesca mais voltada ao turismo, a pesca tradicional e a subsistência”, explicou o especialista.
Assista abaixo o evento na íntegra, transmitido pelo canal do Youtube Águas do Paraopeba e Três Marias:
Texto: Bárbara Ferreira / Assessoria de Comunicação da ATI Paraopeba Nacab