Participaram da reunião representantes do Instituto Estadual de Florestas IEF; do Conselho Gestor do Monumento Natural da Serra da Ferrugem, COGESF; da Rede de Articulação e Justiça dos Atingidos do Projeto Minas-Rio, REAJA; e da empresa Anglo American além de membros da comunidade, entre eles o Sr. Elias da comunidade do Turco, que foi acompanhado do analista ambiental, Gabriel Junqueira, Técnico da ATI 39/NACAB.
O objetivo da reunião, conforme dito pelo presidente do Conselho, Felipe Gaêta, era de informar as ações que foram tomadas no sentido de conter o incêndio no MONA (Monumento Natural) Serra da Ferrugem.
Durante a reunião foram feitos os relatos do evento que se iniciou dia 17 de setembro e se estendeu até o dia 22 do mesmo mês, quando o fogo foi finalmente debelado.
Foram discutidos desde a origem dos incêndios, se foram ou não na área de propriedade da empresa mineradora, até a possibilidade de haverem indícios de que tenha sido um ato criminoso, uma vez que um dos presentes afirmou que que foram encontradas evidências nesse sentido, citando a descoberta de cupinzeiros cheios de papel e o fato de que um menor de idade (14 anos) havia sido apreendido neste dia, tentando atear fogo sobre a vegetação do Salão de Pedras.
Foram destacadas, também, as ações do efetivo e sua dedicação ao combate, dentre brigadistas e voluntários que concentraram esforços das 5 da manhã até as 22 horas todos os dias.
Após a discussão sobre a origem do incêndio ter sido ou não em propriedades da Anglo, foi apresentado um mapa, mostrado pelo IEF, delimitando a área de incêndio e os perímetros de propriedades da empresa. Neste mapa, e conforme afirmação do IEF, a direção predominante dos ventos é no sentido Nordeste – Sudoeste, o que impossibilitaria o fato do incêndio ter se iniciado fora das propriedades da Anglo, pois se contrapõe à direção predominante dos ventos. O representante da Anglo se limitou a dizer que o fator relevo se sobrepôs ao fator vento devido à propagação contrária.
O Sr Lúcio Guerra “Juninho”, integrante do grupo REAJA (Rede de Articulação e Justiça dos Atingidos do Projeto Minas-Rio), fez algumas ponderações bastante contundentes. Entre elas, afirmou que o último incêndio desta magnitude ocorreu no ano de 2014, logo à época da concessão da Licença ambiental ao empreendimento, queimando áreas que seriam de expansão da cava. Esse ano, no mesmo contexto, acontece a queima criminosa de área de expansão da cava, à época do licenciamento. Fato que é, no mínimo, estranho.
Para Felipe Gaêta, coordenador da reunião: “É necessário questionar os sistemas de monitoramento, tanto da Prefeitura quanto da Anglo”. Também solicitou que fossem feitos estudos detalhados sobre perdas de fauna, flora, valoração dessas perdas, bem como horários exatos de combate, dentre outros. Ele informou ainda que foi feita uma reunião com representantes da COPASA (Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais), visando levantar medidas preventivas e de mitigação, para que o abastecimento de água não seja prejudicado, mais uma vez, no caso de eventos extraordinários como este ocorrerem.
Foi informado ainda, que será feito um estudo do PICPCIF (Plano Integrado de Proteção e Combate a Incêndios Florestais), que envolve a participação da Anglo American e Prefeitura, com apoio do IEF.
Bastante emocionado, o Sr Carlos Eduardo “Cadu” do COGESF, revelou que há um sentimento de tristeza e consternação geral sobre a população e reafirmou a necessidade de uma investigação profunda e detalhada. Ele afirma que a terra queimada era pertencente ao MONA, mas foi cedida à MMX com a promessa de que haveria compensação e cuidados com terrenos do Monumento Natural Serra da Ferrugem.
Já o atingido Sr. Elias, da Comunidade do Turco, foi bastante firme nas afirmações que fez, fazendo duras críticas à Anglo American. Em uma de suas falas marcantes, ele afirmou que gostaria que o município de Conceição do Mato Dentro fosse mais independente da Anglo American. Para ele, “a cidade precisa fazer um desligamento da empresa, é como se a cidade pertencesse à empresa…” e indaga: “quando a empresa for embora, nós vamos morrer? Parece um vicio, né?”.
Após a sua fala, o Sr Lúcio Guerra “Juninho”, integrante do grupo REAJA (Rede de Articulação e Justiça dos Atingidos do Projeto Minas-Rio), fez algumas ponderações bastante contundentes. Entre elas, afirmou que o último incêndio desta magnitude ocorreu no ano de 2014, logo à época da concessão da Licença ambiental ao empreendimento, queimando áreas que seriam de expansão da cava. Esse ano, no mesmo contexto, acontece a queima criminosa de área de expansão da cava, à época do licenciamento. Fato que é, no mínimo, estranho.
A reunião foi encerrada com dois encaminhamentos importantes no sentido de que seja criado um Grupo de Trabalho Integrado, GT, contando com a participação dos presentes; e, que seja solicitado ao ICMBio e à Polícia Civil, já que ambos possuem capacidade técnica de identificar pontos de ignição, para que seja feita a averiguação das possibilidades de que o incêndio tenha tido origem natural ou antrópica.
Texto: Lacy Aguilar – Secretaria Executiva e de Comunicação – SECEX – ATI 39/NACAB e Gabriel Junqueira – Analista Ambiental ATI 39 / NACAB
Fotos: Gabriel Junqueira – Analista Ambiental ATI 39 / NACA[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]