Nos dias 21 e 23 de julho, a equipe do Nacab se reuniu com moradores de Beira Córrego e de Retiro dos Moreiras, comunidades remanescentes de quilombos localizadas em Fortuna de Minas. As reuniões foram organizadas e mobilizadas pelas lideranças locais – em Beira Córrego: Abdalah Nassif e em Retiro dos Moreiras: Nilza Alves da Silva, Maria Istael (Nêga) e Fabiana Vieira (Fafá) – e marcou o retorno das atividades presenciais da Assessoria Técnica Independente – ATI Nacab nos territórios, após o período mais grave da pandemia.
Foi um importante passo para estreitar a relação do Nacab com as comunidades tradicionais e quilombolas e permitir que a ATI possa avançar nas ações e estudos de identificação dos danos sofridos por esses povos. As reuniões tiveram ampla participação da população local e contaram também com o prefeito de Fortuna de Minas, Claudio de Nicote, as coordenadoras de campo do Nacab em Pará de Minas, Lídia Vieira e Luíza Monteiro, e o coordenador geral da ATI Nacab, Flávio Bastos.
“Eu achei bem proveitosa, teve esclarecimento de dúvidas e o surgimento de outras, porque é assim o processo de entendimento. Foram trazidas muitas informações e a comunidade pôde interagir e saber o que está acontecendo. Acredito que as atividades presenciais vão ser muito positivas para abrir o diálogo de forma direta com toda a comunidade. Porque, por mais que eu e outras pessoas sejamos lideranças, todos têm voz e devem ser ouvidos. A comunidade é um todo, são as pessoas, as raízes. Todo mundo tem direito de fala, cada um tem sua história, seus machucados. É muito importante que a ATI venha e que escute as pessoas que aqui residem, com respeito a todos”, avalia Nilza, liderança de Retiro dos Moreiras.
A ATI apresentou informações sobre o acordo e os seus anexos (1.1, que são os projetos das comunidades – 1.2, que é o Programa de Transferência de Renda (PTR) e 1.3 – que são projetos de fortalecimento de políticas públicas para os municípios atingidos).
“Foi muito potente ouvir os moradores das duas comunidades, poder falar do trabalho que temos realizado e tirar as dúvidas sobre o acordo judicial firmado entre a Vale, Instituições de Justiça e o Governo do Estado de Minas Gerais. Também apresentamos e discutimos a proposta que construímos de novos traçados da região 3 do Paraopeba, onde reivindicamos que sejam corrigidos critérios que chegam a dividir uma mesma comunidade entre pessoas incluídas e excluídas dos direitos de reparação. Foi um momento em que eles puderam pautar o nosso trabalho também”, explica Lídia Vieira, uma das coordenadoras do escritório do Nacab em Pará de Minas.