NACAB - Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens

Qual a reparação coletiva desejada pela Região 3 da bacia do Paraopeba?

Mineradora têm realizado reuniões no território atingido apresentando resultados de análises de solo e rejeito

Durante os meses de novembro e dezembro, equipes do Nacab se reuniram com todas as comissões e comunidades da Região 3 para avançar no diálogo sobre o futuro da reparação coletiva dos danos causados pelo desastre-crime da Vale na bacia do Paraopeba.

As reuniões tiveram também o objetivo de mapear potencialidades e demandas locais que possam contribuir para a definição de linhas de atuação para os projetos do Anexo I.1 do Acordo Judicial de Reparação. Além disso, os encontros proporcionaram o debate sobre os danos ao meio ambiente não contemplados pelo Plano de Reparação Socioambiental (PRSA), previsto no Anexo II. 

Com o intuito de identificar as potencialidades de cada grupo e comunidade, durante os encontros as pessoas foram convidadas a indicar as instituições, atores locais e políticas públicas presentes no território, bem como sua proximidade com a população atingida.

Em outro momento, os participantes da reunião analisaram o mapa de uso e ocupação do solo de suas regiões e indicaram temas relevantes para investimento, como a recuperação de terrenos degradados, saneamento básico, geração de renda, entre outras reivindicações.

Reunião com representantes das comunidades de Vista Alegre, Fazenda da Ponte, Bambus, Vinháticos e Padre João (Esmeraldas) na Fazenda Ciclos, em Vista Alegre

O que querem as pessoas atingidas

No município de Florestal, uma das primeiras demandas levantas pelas pessoas atingidas foi a urgência da recuperação do solo, de nascentes, matas ciliares e também de pastagens. Outro ponto relevante apontando foi a falta de assistência fornecida pelo poder público e pela própria Vale, e ausência de outras associações ou instituições que ajudem os produtores e a economia local. Segundo o produtor rural, Ronaldo Costa e Silva, da região de Tapera, existe uma carência de apoio público e é preciso garantir incentivo ao pequeno produtor.  

Ronaldo Silva é produtor rural do município de Florestal (MG)

“A gente está esquecido. E com o desastre-crime, fomos ficando ainda mais esquecidos. Com a assessoria técnica e as reuniões estamos melhorando, mas a gente sonha em voltar a produzir, sonhar com nossos projetos. Eu tinha projeto para meu terreno que não é mais viável após o rompimento. Queremos outras alternativas para continuar morando aqui, produzindo e resguardar o que a gente ainda tem“, afirma.

Na zona rural do munícipio de Maravilhas, a Associação Comunitária de Boa Vista abriu suas portas para a realização da atividade. Ali, as pessoas identificaram as principais instituições, organizações e pessoas que influenciam na comunidade e qual o grau de importância delas. A agente comunitária de saúde, Maria Augusta de Castro falou sobre o que espera para o futuro e a importância da participação.  

Maria Augusta, agende comunitária de saúde do município de Maravilhas (MG)

Gostei da reunião, pois a gente teve a oportunidade de falar sobre quem está presente, atuando na comunidade. A expectativa que ficou é que precisamos de saúde, educação, transporte, da polícia, da prefeitura e de que precisamos pensar no futuro para nossos filhos e netos. Eu gosto muito de participar, dar minha opinião e de estar envolvida em tudo que é bom para a comunidade e para associação”, comentou.   

Em Esmeraldas, o produtor rural da comunidade de Vista Alegre, Franco Leal, afirmou que é um desejo local montar uma cooperativa de produção e comercialização de mel para fortalecer a cadeia produtiva da atividade e gerar trabalho e renda na região.

Franco Leal, produtor rural do município de Esmeraldas (MG)

Esse movimento de unir a comunidade e fomentar o desenvolvimento local, trazendo alternativas econômicas, é fantástico. Eu trabalho com apiário há algum tempo e o mel de Esmeraldas é espetacular. Se a gente conseguir assistência técnica podemos criar uma marca própria”, destacou Franco. 

Encontros municipais

Além das reuniões nas comunidades, em Esmeraldas ocorreu também no dia 22 de novembro um encontro municipal para tratar do tema. Na ocasião, os participantes debateram anseios de avanços estruturais, sociais e ambientais que estão por vir por meio do Plano de Reparação Socioambiental e do Anexo I.1.

A ideia é que essas reuniões continuem ocorrendo nos demais municípios e, após a fase municipal, um encontro geral consolide um pensamento unificado sobre as demandas da Região 3 para a reparação coletiva .

Encontro reuniu comissões de pessoas atingidas de Esmeraldas para debater demandas municipais para a reparação coletiva
Confira abaixo fotos de alguns encontros realizados
Maravilhas
2022-11-09 - Reunião sobre Anexo I.1 e PRSA na Zona Rural de Maravilhas
Papagaios
2022-11-08 - Reunião sobre Anexo I.1 e PRSA na Zona Rural de Papagaios
Shopping da Minhoca
2022-11-29 - Reunião sobre Mapeamento Social, Anexo I.1 e PRSA no Shopping da Minhoca
Vista Alegre, Fazenda da Ponte, Bambus, Vinháticos e Padre João (Esmeraldas)
2022-11-29 - Reunião Anexo 1.1 e Plano de Reparação Socioambiental

Matéria: Bárbara Ferreira, Marcio Martins e Marcos Oliveira 
Edição: Leonardo Dupin e Raul Gondim 

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