Em celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, a Assessoria Técnica Independente ATI 39 Nacab promoveu, no último dia 3, atividades educativas na Escola Estadual João Mariano Ribeiro, no distrito de São Sebastião do Bom Sucesso, em Conceição do Mato Dentro. A ação envolveu estudantes da educação infantil ao ensino fundamental II e teve como objetivo promover a conscientização ambiental por meio da valorização dos recursos naturais locais.
As atividades foram conduzidas pela coordenadora territorial Karine Ferreira, o analista multidisciplinar Marcos Amaral e a comunicadora popular Janaíne Ferraz. Durante o turno da manhã, Karine e Marcos conversaram com os estudantes sobre a importância do Dia do Meio Ambiente e a necessidade de preservação da fauna, da flora e dos patrimônios naturais e culturais da comunidade, que compõem a “casa comum” dos alunos. Ao ar livre, foi mostrada a formação do solo a partir da decomposição das rochas, para entendimento sobre processos geológicos locais. Também foram abordados impactos/danos ambientais causados pelas atividades minerárias do sistema Minas-Rio.
À tarde, em uma abordagem mais lúdica, os estudantes do ensino infantil participaram de uma atividade de reconhecimento da fauna e flora presentes na comunidade. As crianças foram convidadas a coletar elementos da natureza que representassem o meio ambiente em que vivem. Os materiais recolhidos formaram um mural coletivo, representando a visão delas sobre o ecossistema local.
Recursos naturais da comunidade
Fechando as atividades nos dois turnos, Janaíne ministrou oficina de tintas ecológicas, a base de terra, água e cola branca (ou PVA), insumos acessíveis e fáceis de encontrar na comunidade. O objetivo foi estimular o uso consciente dos recursos locais e proporcionar aos estudantes uma forma criativa de expressarem, por meio da pintura, o que desejam preservar no meio ambiente onde vivem.
Janaíne, que é de comunidade quilombola do município de Berilo, explicou: “Essa prática é uma tradição milenar, desenvolvida por nossos antepassados e muito comum no Vale do Jequitinhonha, para pintar as paredes das casas e os fogões à lenha. O barro e a água eram os principais elementos utilizados e a adição da cola proporciona maior durabilidade e brilho às tintas”.
Ao retomar esse saber ancestral, a atividade valorizou os conhecimentos populares e culturais presentes no cotidiano das famílias da comunidade. Karine, coordenadora territorial, avalia: “É possível perceber que o uso das geotintas, além de valorizar saberes locais, fortalece o cuidado com o meio ambiente e o vínculo com o território. Foi uma grande satisfação participar dessa atividade e acompanhar o envolvimento dos alunos nas reflexões sobre os recursos naturais da comunidade onde vivem”.
Marcos Amaral, geógrafo e analista multidisciplinar, ressalta: “A atividade foi um importante meio de troca de ideias e socialização com as crianças, adolescentes e funcionárias da escola, sobre as percepções e considerações que possuem em relação ao meio ambiente. As oficinas e conversas evidenciaram as preocupações e o senso crítico existentes sobre o contexto socioambiental em que estão inseridos. Importantes falas sobre a necessidade da proteção dos córregos e rios, da biquinha de água, da biodiversidade e do patrimônio histórico da comunidade do Sapo evidenciam as preocupações da comunidade escolar com a degradação socioambiental e a necessidade de preservação.”
Jackilene Barbosa, servente da escola e moradora da comunidade do Beco, expressou sua satisfação ao acompanhar a ação: “Cheguei no finalzinho, mas gostei muito. Uma das coisas que mais defendo é o meio ambiente. Acho essa matéria essencial nas escolas para que os meninos tenham consciência de proteger e cuidar da natureza. Mesmo numa cidade minerária, onde o minério impera, precisamos ensinar nossas crianças a questionar e exigir responsabilidade ambiental. Uma fala de uma criança pode ter um impacto muito grande.”
Reportagem e fotos: Janaíne Ferraz
Edição: Brígida Alvim
Comunicação ATI 39 Nacab