No último sábado, 30 de novembro, aconteceu, no campus de Florestal da Universidade Federal de Viçosa, o VI Encontro Ecossistemas de Cooperação e Transição. Organizado pela ATI Paraopeba, em parceria com a Rede de Atingidos da R3, o tema do evento foi “Fortalecendo o cooperativismo e associativismo como estratégia para o desenvolvimento territorial”. Mais de 100 pessoas atingidas estiveram presentes, buscando, de forma coletiva, alternativas para o crescimento das comunidades.
A atingida Rosilene dos Santos Gomes, da comunidade de Três Barras, em Fortuna de Minas, lembra que pensar em associativismo é reunir as melhores qualidades comunitárias para se estabelecer uma rede.
Juliano Barbosa, de Córrego de Areia, em Fortuna de Minas, lembra que foi nos momentos mais desafiadores que os laços comunitários, tecidos a partir de redes saudáveis, trouxeram frutos.
Além do painel no início da manhã, as pessoas atingidas participaram de oficinas formativas, com temáticas relacionadas à escrita e gerenciamentos de projetos; e acesso a políticas públicas e editais.
Experiências de sucesso animam pessoas atingidas
Para trazer experiências e vivências no âmbito do cooperativismo e do associativismo, participaram do encontro Anderson Viana, da REDESOL (Rede solidaria central de cooperativas de trabalhadores de materiais recicláveis de Minas Gerais), Fábio Ramos Nunes (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST), Laura Augusta de Freitas (Especialista Jurídica do Nacab) e Viete Passos Freitas (Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA), que destacou a sociobiodiversidade, prática que une a diversidade biológica dos biomas brasileiros à cultura praticada em cada região, como um caminho próspero e que valoriza a produção local.
Mão na massa: pessoas atingidas participam de oficinas
À tarde, aconteceram as oficinas, com o objetivo de aperfeiçoar as temáticas que envolvem o associativismo e cooperativismo. A oficina de escrita e elaboração de projetos apresentou elementos básicos para o planejamento, trazendo exercícios práticos. Já a oficina de logística e comercialização apresentou aspectos essenciais como gestão, armazenamento e distribuição. Também houve um espaço para trazer as questões organizacionais e burocráticas que envolvem a criação de associações. Por fim, as pessoas atingidas participaram da oficina sobre políticas públicas de acesso a mercados institucionais e acesso a crédito, com vistas a explorar quais as políticas públicas estão disponíveis para cooperativas e associações.
Durante o espaço de elaboração de projetos, a atingida Hélia Baeça, de Esmeraldas, falou da importância de exercitar esses conhecimentos. “O Nacab tem nos ensinado a criar projetos. Recentemente pedimos ajuda para elaborar um projeto em leis de incentivo à cultura e foi bacana. Estamos aguardando, com esperança, o resultado”, afirma ela. Neste ponto, destaca-se que conhecimentos apreendidos vão além dos projetos no âmbito da reparação, abrindo possibilidades para as comunidades disputarem editais públicos.
Pessoas atingidas e a construção de redes saudáveis
As pessoas atingidas também compartilharam suas vivências, que acabam, muitas vezes, por se somar aos seus anseios por reparação. O Nacab vem auxiliando as comunidades atingidas a fortalecer as associações e cooperativas já existentes no território, além de oferecer informações e apoio àquelas que estão em formação. Esta ação visa contribuir com o Anexo 1.1 e incentivar a participação em políticas públicas.
As iniciativas citadas pelas pessoas atingidas incluem projetos de produção com leite, produtos orgânicos, criação de peixe e agrofloresta. Winston Caetano, de Caetanópolis, que trabalha há anos com agrofloresta, comenta:
O Nacab já fez contato e mapeou 35 organizações na região 3 – sendo 01 cooperativa e 34 associações. Destas, 24 já têm CNPJ e 7 estão em processo de registro. Além disso, 25% das associações são de Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs).
Texto: Sarah Fontenelle Santos
Fotos: Karina Marçal
Edição: Fabiano Azevedo e Marcos Oliveira