NACAB - Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens

Pessoas atingidas validam danos coletivos

Membros da ATI mediaram a validação dos danos por parte das pessoas atingidas

No último sábado, 12 /04, aconteceu na Casa de Retiro São José, em Belo Horizonte, o Encontro de Validação Participativa de Danos Coletivos da Região 3 para as ações do Anexo 1.1, reunindo representantes de mais de 50 comunidades, grupos e coletivos dos municípios de Caetanópolis, Esmeraldas, Florestal, Fortuna de Minas, Maravilhas, Papagaios, Pará de Minas, Paraopeba, Pequi e São José da Varginha.

O encontro marcou um avanço importante no caminho da reparação integral para a Região 3, reafirmando o protagonismo das populações atingidas na luta por justiça social e ambiental.

O evento foi organizado pela Assessoria Técnica Independente Paraopeba (ATI) Nacab, responsável por acompanhar as comunidades da região. Ao longo de quase cinco anos, as entidades que compõem a ATI – Nacab, INSEA e Sustentar desenvolveram um extenso trabalho de escuta, levantamento, sistematização e análise de danos por meio de pesquisas participativas, entrevistas, oficinas, diagnósticos territoriais e acompanhamento direto às populações atingidas.

"Essa é uma etapa muito importante que se inicia hoje e que irá refletir nos projetos que cada comunidade vai acessar a partir dos danos que sofreram, e como eles querem a reparação desses danos em suas comunidades"
Marília Andrade Fontes
Coordenadora-Geral da ATI Paraopeba Nacab

Caderneta de Danos orientou os trabalhos
O objetivo do encontro foi apresentar os danos coletivos identificados durante esse período para que cada comunidade pudesse reconhecer e validar aqueles que, de fato, impactaram sua realidade. A iniciativa visa garantir que a reparação futura seja fiel às vivências das pessoas atingidas.

A metodologia adotada foi centrada na participação ativa e respeitosa das comunidades. Cada comissão, grupo ou coletivo comunitário recebeu uma Caderneta de Danos, apresentando as categorias de danos identificados em cada localidade, levando em consideração as especificidades dos territórios.

Foram montados no espaço os Círculos de Diálogo Comunitário, onde os grupos puderam avaliar e validar, nas cadernetas, os danos que lhes foram atribuídos. O objetivo foi assegurar que os relatos refletissem fielmente as experiências e perdas vividas pelas comunidades, respeitando suas memórias, modos de vida e particularidades.

As comunidades foram organizadas em 10 blocos, que contaram, cada um, com o apoio de membros da ATI, denominados guardiões. Eles acompanharam os participantes, orientando e sistematizando os relatos ao longo do percurso.

Paralelamente, os danos coletivos foram agrupados em 10 categorias, representadas em estações. Cada estação foi conduzida por um membro da ATI, chamado de anfitrião, responsável por apresentar de forma pedagógica os conteúdos relacionados às categorias de danos. As estações contavam com materiais informativos para auxiliar na compreensão dos danos.

Essa estrutura buscou facilitar a dinâmica do encontro e garantir uma escuta qualificada por meio da combinação entre apresentação didática, apoio logístico e sistematização dos relatos.

Materiais informativos foram produzidos para auxiliar na compreensão dos danos

Próximos passos
Com os danos validados, o Nacab irá agora sistematizar as informações colhidas e entregá-las à Entidade Gestora do Anexo 1.1. O material servirá como subsídio fundamental para a construção e definição dos projetos do anexo.

As informações serão disponibilizadas no formulário de danos elaborado pela Entidade Gestora para que, em seguida, as pessoas atingidas possam definir os critérios dos projetos para esta primeira etapa de execução do Anexo 1.1.

Texto e fotos: Luís Henrique do Carmo
Edição: Fabiano Azevedo e Gerência de Reparação 

Mais de 50 comunidades e coletivos comunitários participaram do encontro