Nacab acompanhou o encontro, cuja pauta foi a adequação das medidas emergenciais e a Reparação Socioambiental prevista no Acordo
No dia 25 de fevereiro, produtoras e produtores rurais da Região 3, atingidas pelo rompimento da barragem da Vale, em 2019, se reuniram na Cidade Administrativa com representantes da Secretaria de Planejamento e Gestão de MG (SEPLAG) e do Comitê Pró-Brumadinho. No encontro, as pessoas pediram mais atenção e agilidade nas ações emergenciais da Vale e no processo de reparação socioambiental prevista no Acordo assinado em 2021, e que pouco avançou desde então.
Uma das reivindicações foi que os projetos executados no âmbito do Acordo de reparação sejam direcionados às áreas diretamente atingidas pelo rompimento e pelas enchentes de 2020 e 2022. Além disso, os produtores rurais se queixaram sobre o fornecimento inadequado de água e silagem e a má conservação dos cercamentos às margens do rio, que servem para impedir que os animais acessem o Paraopeba.
“Estamos sofrendo, porque não temos tempo e não conseguimos cultivar nossas terras, já que as áreas cercadas, que chamamos de áreas inativadas, não podem ser acessadas, dificultando o acesso à água para cultivo e dessedentação animal, que também não recebemos em quantidade suficiente da Vale, inviabilizando o restante da propriedade, não apenas as margens do rio”
Ronaldo Marcelino
Produtor rural de Beira Córrego, em Fortuna de Minas

Os produtores rurais criticaram, também, a segmentação e a distinção entre danos socioambientais e danos socioeconômicos, alegando que é impossível falar sobre meio ambiente sem que isso esteja contemplado no trabalho das Assessorias Técnicas Independentes, que podem desenvolver estudos e avaliações sobre acesso e qualidade dos recursos naturais.
“São seis anos e a gente não vê nada de reparação ambiental. Como vai se resolver este problema? A vida do produtor rural está um caos e a gente vê que não é falta de dinheiro, pois há o recurso do Anexo 2.2, e ninguém fala que a Vale tem que começar a resolver a situação de quem está com terra inativada e impermeabilizada, sem perspectiva de rio, de água, nem de poço artesiano, pois quando vem a enchente fica cheio de lama”
Mona Lisa Cardoso
Produtora rural de Paraopeba
Além dos produtores e produtoras rurais da Região 3, também estiveram presentes à reunião o deputado estadual Antonio Carlos Arantes (PL), representantes do Sindicato dos Produtores Rurais de Pará de Minas, do Sistema FAEMG/SENAR, e da ATI Paraopeba Nacab, convidada para acompanhar as pessoas atingidas em suas demandas.
Texto: Marcos Oliveira
Edição: Fabiano Azevedo
Fotos: Assessoria do deputado estadual Antonio Carlos Arantes