NACAB - Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens

Mais aproximação e diálogo com as comunidades

ATI Paraopeba Nacab quer ampliar participação e aprimorar o alcance das pessoas atingidas

Seguindo um protocolo de saúde que permitiu o retorno gradual das atividades presenciais da Assessoria Técnica Independente Paraoepeba, neste semestre o Nacab tem buscado ampliar a aproximação com as comunidades atingidas na Região 3 do Paraopeba. O objetivo é garantir que a reparação chegue a todas as pessoas do entorno do Rio Paraopeba que sofrem os danos do rompimento da barragem da Vale.  

Para fortalecer a participação das pessoas atingidas nas localidades, ter maior abrangência da atuação do NACAB nas comunidades e ampliar o acesso a direitos, a Gerência de Participação e Engajamento da ATI Nacab está realizando uma série de visitas e conversas pelo território. As atividades são feitas junto com as equipes dos escritórios de campo e tem alcançado grupos e famílias que têm dificuldade de acessar informações sobre o processo de reparação.
  

Gerente de Participação e Engajamento, Ângela Oliveira avalia que experiência é importante para estreitar laços

Para a gerente de Participação e Engajamento, Ângela Oliveira, a experiência tem sido importante para estreitar os laços, entender melhor a dinâmica social e os desafios das comunidades da região 3. “Nessa fase, realizada em agosto, visitamos algumas pessoas de referência nas comunidades e conversamos sobre como melhorar e ampliar o engajamento efetivo das pessoas atingidas no processo de reparação. Foi um momento de escuta e diálogo, onde apuramos propostas concretas de qualificação da participação e fortalecimento das comissões, considerando as características de cada localidade. E é isso que o NACAB quer, maior aproximação e diálogo para uma construção coletiva e alcance maior às pessoas atingidas”, afirmou ela. 

Nos encontros, técnicos e técnicas do NACAB abordaram as principais questões que são levantadas pelas pessoas atingidas. Também, dialogaram sobre a extensão do território afetado, assim como o desafio de garantir a participação informada para o máximo de pessoas, até para quem tem pouco ou nenhum acesso à internet e mídias digitais.

Nos encontros, técnicos do Nacab também falam sobre a extensão do território afetado

Visitas em toda a Região 3 

A atividade da gerência teve início nas últimas semanas e percorreu algumas comunidades específicas localizadas nas áreas de abrangência dos três escritórios da ATI Paraopeba Nacab (Esmeraldas, Pará de Minas, Paraopeba). Mas, de acordo com a gerente de Participação e Engajamento, Ângela Oliveira, as visitas estão previstas para alcançar toda a Região 3. 

No município de Esmeraldas, a equipe foi às comunidades de São José, Vinháticos, Bambus, Padre João assim como Porteira de Chaves, comunidade que até então não possua contato com a ATI, mas apresentam dados principalmente em relação à cadeia da pesca.  

Em Pará de Minas, as equipes estiveram em Córrego do Barro e Trindade, localizadas no próprio município e também em Soledade e Pindaíbas, em Pequi. Nessa última comunidade, uma das pessoas ouvidas foi Carlos Roberto Gonçalves, que trabalhou a vida toda em fazendas da região e mantém vínculo com a terra e com o rio Paraopeba. Ele fez questão de mostrar as linhas de pesca e várias fotos que demonstram sua forte relação com o Paraopeba.

Carlos Roberto mostrou linhas de pesca e fotos que demonstram sua forte relação com o Paraopeba

Carlos Alberto conta que o rio salvou a vida de um de seus filhos e é o lugar onde ele se sentia melhor. “Não consegui receber nenhum auxílio, mas o rompimento mudou sim a nossa vida. Desde então eu tirei meu barco da água e o deixei virado em um barranco. Nunca mais fui ao rio. Não consigo mais imaginar pescar um peixe ali e trazer para dentro de casa, para alimentar a minha família e as crianças. Eu vivia nesse rio e agora não tenho isso mais”, lamenta o pescador e trabalhador rural.  

Janaína Santos e Washington de Barcelos relataram problemas de saúde (física e mental), entre outros danos

Em Paraopeba, a equipe foi ao Shopping da Minhoca e percorreu a zona rural, conversando com pessoas moradoras no município. Uma residência visitada foi a de Janaína Santos e o marido Washington de Barcelos. O casal relatou os danos sofridos com o rompimento da barragem da Vale, como problemas de saúde, física e mental; perda do lazer; e a impossibilidade de manutenção da horta, pela falta de água. 

Janaína valorizou o trabalho da Assessoria Técnica Independente como forma de renovar a esperança por melhorias. “Pelo menos tem o Nacab que se preocupa com a gente. E vai buscar uma ajuda que não é só pra gente, é pra comunidade toda e com certeza vai ajudar todo mundo. Quando o meu wi-fi tá bom, se mandar o link, na hora eu já entro e fico escutando a reunião”, comenta ela, sobre as reuniões virtuais realizadas pela ATI com a comissão de atingidos local.   

Confira fotos de algumas das visitas:

Ouça o áudio da matéria:


Reportagem e fotos: Bárbara Ferreira, Marcos Oliveira e Marcio Martins
Narração: Bárbara Ferreira e Marcos Oliveira

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